No último domingo (18), o Brasil comemorou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, uma data que completa 25 anos de conscientização e mobilização social. Criada pela lei federal em 1973, a data busca exigir ações efetivas de prevenção e combate a essa grave questão que afeta nossa sociedade.
Aumento alarmante dos casos de abuso
Estudos recentes indicam um aumento significativo no número de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Segundo a Fundação Abrinq, em 2024, foram registradas 57 mil notificações no país, quase o dobro das 29 mil ocorrências reportadas em 2020. Esse crescimento alarmante evidencia a necessidade de ações mais contundentes e eficazes de proteção e apoio às vítimas.
Adicionalmente, a campanha do Dia Nacional de Combate ao Abuso incluiu o Maio Laranja, mês dedicado à conscientização sobre o tema. Esse movimento visa não apenas informar, mas também mobilizar comunidades em torno da questão da exploração sexual infantil. “É fundamental que todos saibam que existem canais para denunciar e procurar ajuda”, comenta uma das especialistas no assunto.
Entendendo o que é abuso sexual
A Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) define a violência sexual de forma clara: qualquer ato praticado sem o consentimento da criança ou adolescente é considerado violência. Já o abuso sexual é o uso do corpo de uma criança ou adolescente por um adulto ou alguém mais velho para atos de natureza sexual. Por sua vez, a exploração sexual é o uso sexual dessas crianças e adolescentes com a finalidade de lucro, seja financeiro ou de outra natureza.
Como reconhecer os sinais de abuso
De acordo com o psicólogo clínico Marlon Santana, existem vários sinais que podem indicar que uma criança ou adolescente está sofrendo abuso sexual. Aqui estão alguns deles:
- Crianças que antes eram falantes podem se tornar mais caladas
- Vergonha ou aversão ao próprio corpo
- Evitar tocar em assuntos ou pessoas específicas
- Comportamento mais introspectivo ou mudanças repentinas de atitude
- Fala, desenhos ou comportamentos sexualizados
- Interesse precoce por relacionamentos sérios
“O conhecimento é a melhor forma de proteção. Se as crianças souberem que têm um ambiente acolhedor e pessoas em quem podem confiar, elas se sentirão mais seguras para falar sobre qualquer situação de abuso”, enfatiza Santana.
Como denunciar casos de abuso?
Para aqueles que suspeitam de abuso ou exploração sexual, é fundamental saber como agir. Aqui estão alguns canais disponíveis para denúncia:
- Polícia Militar: Ligue 190 em casos urgentes
- SAMU: Ligue 192 para emergências médicas
- Centro 18 de Maio: Atendimento pelo WhatsApp (61) 98314-0636
- Coordenação de Denúncias de Violação dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cisdeca): Disque 125
- Denúncias de crimes virtuais: Plataforma destinada para denúncias de sites com conteúdo sexual infantil
Além do atendimento por telefone, o Centro de Atendimento 18 de Maio também acolhe crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos que tenham sido vítimas ou testemunhas de violência sexual, proporcionando apoio e acompanhamento psicológico necessário.
A importância do apoio às vítimas
A experiência de uma sobrevivente de abuso sexual revela a difícil realidade enfrentada por muitas vítimas. Ela relata que não denunciou o abuso por medo de desestruturar a sua família. “Eu tinha medo de estragar a família dele, então lidei com tudo sozinha”, conta. Essa história sublinha a importância do acolhimento e do diálogo aberto nas famílias, pois muitas vezes as vítimas sentem-se isoladas e sem apoio.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é um momento crucial não apenas para refletir sobre essas questões, mas também para reforçar a luta contínua por um ambiente seguro para nossas crianças. A atuação conjunta da sociedade, escolas e instituições é essencial para a erradicação dessa forma de violência.
Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, não hesite em entrar em contato com as organizações mencionadas. A mudança começa com a informação e a disposição de agir.
