Após um impacto financeiro severo, que resultou em um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está implementando uma série de medidas radicais para reverter essa situação crítica. Com a expectativa de economizar R$ 1,5 bilhão até o final do ano, a empresa anunciou cortes que incluem revisões nas jornadas de trabalho e suspensão de férias, visando assegurar a viabilidade operacional.
Medidas para recuperação financeira
A iniciativa foi comunicada aos funcionários por meio de um ofício enviado na última segunda-feira (12) pelo diretor de Gestão de Pessoas, Getúlio Marques Ferreira. O oficial explicou a necessidade dessas ações ao afirmar que são “essenciais para a adequação da empresa à realidade atual”. Entre as medidas mais significativas estão:
Redução da jornada de trabalho
Uma das propostas mais impactantes é a diminuição da jornada de trabalho de 8 horas diárias (44 horas semanais) para 6 horas (34 horas semanais). Essa medida pode resultar em uma redução de até 29,4% no salário mensal dos funcionários que aceitarem a proposta. Esta mudança visa proporcionar uma economia imediata e significativa nos custos operacionais.
Suspensão de férias e outras alterações
A suspensão temporária de férias também foi anunciada, começando em 1º de junho e afetando o período aquisitivo de 2024/2025. As passagens já compradas para as férias suspensas não serão reembolsadas, uma decisão que pode gerar descontentamento entre os funcionários. Aqueles que já tinham férias programadas antes do período mencionado não serão afetados.
A resposta dos sindicatos e preocupações gerais
A mudança provocou reações imediatas entre os sindicatos dos trabalhadores, particularmente a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). A federação se opôs a algumas medidas, argumentando que é essencial garantir a segurança do emprego dos funcionários e que a redução de jornada deve ser reversível a qualquer momento, sem complicações.
Além disso, a Findect manifestou preocupações sobre a suspensão das férias, ressaltando que muitos colaboradores dependem desse período para conciliar viagens com as suas famílias durante o recesso escolar. “Pedimos que nenhuma solicitação de manutenção de férias seja indeferida sem diálogo prévio com os sindicatos”, afirmaram.
Outras iniciativas para recuperação
Além das medidas de corte de despesas, os Correios estão buscando novas fontes de renda e parcerias para serem mais competitivos no mercado. Isso inclui a prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV), expansão de serviços para o setor público e o lançamento de novos formatos de planos de saúde que pretendem ser mais eficientes financeiramente.
O plano inclui também a captação de R$ 3,8 bilhões através do New Development Bank (NDB) para investimentos internos, otimizando operações e aumentando a cobertura logística da empresa. “Essas ações visam assegurar não apenas a viabilidade da empresa hoje, mas também a sustentabilidade a longo prazo”, declarou Ferreira.
Desafios e perspectivas futuras
Enquanto as medidas estão sendo implementadas, a ECT se vê diante de um desafio considerável: recuperar a confiança de seus funcionários e da população, além de restabelecer sua saúde financeira. De acordo com a comunicação da empresa, novos formatos operacionais e a renovação de acordos estão entre as prioridades a curto e médio prazo. O sucesso dessas iniciativas poderá determinar não apenas o futuro da empresa, mas também o da manutenção de serviços essenciais para milhões de brasileiros.
Com a crise financeira, ficou evidente que a adaptação é essencial. O que resta é acompanhar a eficácia dessas novas políticas e o impacto que elas terão tanto para os colaboradores quanto para a prestação de serviços à população. O futuro dos Correios dependerá da capacidade de adaptação às novas realidades econômicas e das decisões que serão tomadas nos próximos meses.