Brasil, 18 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

A nova exposição dos micro mosaicos nos Museus Vaticanos

A nova exposição permanente dos Museus Vaticanos apresenta uma coleção de micro mosaicos que impressiona pela riqueza e intimidade.

A nova exposição permanente dos Museus Vaticanos acolhe uma das mais importantes coleções de micro mosaicos do mundo. Quase quinhentas obras-primas contam uma arte refinada e íntima, nascida no Vaticano. Uma viagem entre nostalgia e invenção, arqueologia e poesia, engenho e criatividade.

Uma arte nascida à sombra da Cúpula de São Pedro

O mosaico miúdo, ou micro mosaico, floresceu no final do século XVIII em Roma. Logo se difundiu por toda a Europa como objeto particularmente desejado pelos ricos viajantes do Grand Tour, que, seduzidos pela beleza atemporal da Cidade Eterna, desejavam retornar para casa com uma lembrança viva e íntima. Essa tradição culminou na criação de objetos únicos, como tabaqueiras, pesos de papel e broches, ilustrando vistas arqueológicas, a campanha romana, os monumentos símbolo da cristandade, bem como animais e flores.

Uma coleção permanente na Sala Paulina

Como testemunho desta tradição romana, na Sala Paulina das Galerias Inferiores dos Museus Vaticanos encontra espaço uma exposição permanente contendo quase quinhentas peças de mosaicos miúdos das coleções pontifícias. Essa extraordinária coleção, que pertenceu a Domenico Petochi, foi adquirida nos primeiros anos noventa do século passado. A coleção foi exposta em parte na grande mostra de 1986 e agora é oferecida ao público, colocada nos antigos armários da Biblioteca Vaticana.

Arte refinada e testemunho de uma época

“É talvez uma das coleções mais importantes do mundo de micro mosaicos”, explica ao Vatican News a Diretora dos Museus Vaticanos, Barbara Jatta. A maioria dos temas dessas pequenas obras-primas é laica, com apenas uma minoria de temática religiosa. Antigamente, essas obras eram conservadas em uma sala das Galerias Superiores, aberta apenas em ocasiões especiais. A decisão de expô-las de modo permanente visa permitir que muitos visitantes, ao saírem da Capela Sistina, tenham um encontro com objetos que nasceram para uma fruição íntima, resultado de um trabalho meticuloso.

Tésselas que contam histórias

O mosaico miúdo destacou-se em 1795 dentro do Estúdio do Mosaico Vaticano, fundado por Bento XIII. Os artesãos-mestres da instituição, com o objetivo de reproduzir em mosaico os grandiosos retábulos da Basílica Vaticana, criaram peças com dimensões inferiores a um milímetro. A técnica empregada envolvia o uso de pinças e limas com extremo cuidado e minúcia, resultando em decorações que podem contar até mil minúsculas tésselas por centímetro quadrado.

Nostalgia e invenção na nova exposição

Nostalgia e invenção são as duas palavras escolhidas para descrever a nova exposição dos Museus Vaticanos. “Nostalgia, porque estes objetos falam de um passado que não existe mais”, explica Luca Pesante, curador do Departamento de Artes Decorativas. “Invenção, porque remete a uma forma de arte nova que afunda suas raízes na arte clássica”.

O preconceito de Winckelmann e Goethe

Apesar do sucesso que os micro mosaicos alcançaram, muitos críticos da época, como Winckelmann e Goethe, desprezaram essas obras por serem vistas como meros caprichos femininos. Para entender melhor essa arte, é necessário adotar uma nova perspectiva, conforme propõe Alvar González-Palacios, que defende a ideia de que estas peças evocam um ideal poético que reside em nós, mesmo que inconscientemente.

Reconhecimento artístico de Canova

O reconhecimento artístico da alta qualidade dos micro mosaicos veio através de figures como Antonio Canova, que em 1804, ao selecionar presentes para Napoleão, escolheu diversas peças decoradas em micro mosaico, destacando o valor artístico que essas obras possuíam.

O que une Apolo a uma tabaqueira?

Entre os muitos objetos expostos, destaca-se uma reprodução do Apolo Belvedere em micro mosaico. Essa peça representa o ideal de beleza, enquanto o contraste com uma tabaqueira reflete a dualidade da alma italiana. Luca Pesante observa que ambos são o anverso e o reverso dessa complexidade cultural.

Por meio de uma exploração cuidadosa desses pequenos tesouros, a nova exposição dos Museus Vaticanos não apenas oferece um olhar sobre a arte do micro mosaico, mas também traduz uma época, uma cultura e um estilo de vida profundamente interligados.

Para mais informações, confira a fonte.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes