Brasil, 18 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Novonor reafirma compromisso com acordos no Peru, mas aponta descumprimentos

Grupo Novonor destaca descumprimentos das autoridades peruanas em acordo de colaboração, gerando suspensão da cooperação jurídica com o Brasil.

O grupo Novonor, antigo Odebrecht, divulgou uma nota no último sábado que expressa seu compromisso com o acordo de colaboração firmado com o Estado peruano. Esse acordo é representado pelo Ministério Público e pela Procuradoria Pública do país. No entanto, a empresa levantou preocupações em relação a “reiterados descumprimentos” por parte das autoridades peruanas. De acordo com a Novonor, esses descumprimentos afetam os termos do compromisso que proíbem a utilização de provas obtidas em um acordo com o Brasil contra a empresa.

A relação conturbada entre Brasil e Peru

A manifestação da Novonor surge em um contexto delicado, especialmente após o GLOBO noticiar que a Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça do Brasil, suspendeu acordos de cooperação jurídica com as autoridades peruanas. Essa decisão tem como pano de fundo a utilização de provas que, segundo o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), foram consideradas inválidas no ano passado. Tal movimento propaga a ideia de que não há a devida proteção prevista para a Novonor, o que coloca em xeque todo o processo de troca de informações entre os dois países.

Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) brasileira também decidiu suspender atos de cooperação com o Peru, alinhando-se à mesma justificativa já apresentada pela Secretaria Nacional de Justiça. A Novonor argumenta que as suspensões têm um caráter técnico e jurídico e não político, desmentindo assim acusações de que existam interesses maiores por trás das decisões.

Irregularidades e questões legais

Na nota divulgada, a Novonor apontou irregularidades cometidas pelas autoridades peruanas, como tentativas de expropriação de ativos da empresa com base em informações que correram no âmbito do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF) e autoridades dos Estados Unidos. Esse ponto é crucial, uma vez que, conforme a empresa, essas informações não deveriam ser utilizadas para processos no Peru.

Além disso, a Novonor destacou que o tratado de assistência judicial entre Brasil e Peru contém garantias que impossibilitam o uso de provas fornecidas pela companhia contra ela mesma. Os termos do acordo estipulam que as fontes e meios de prova, entregues voluntariamente pela Novonor, não podem ser utilizados em processos penais, cíveis ou administrativos, um aspecto que, de acordo com a empresa, vem sendo ignorado.

A disputa de arbitragem e seus desdobramentos

Um dos elementos centrais do discurso da Novonor está ligado a um processo de arbitragem que a empresa move contra o governo peruano em Londres. Nessa disputa, a Novonor busca uma indenização de cerca de US$ 1 bilhão, equivalente a aproximadamente R$ 5,68 bilhões, em razão de investimentos realizados no Gasoduto Sur Peruano, obras que foram interrompidas sem conclusão. A empresa alega que os ativos foram expropriados pelo governo em 2017 sem a devida compensação.

O caso se torna ainda mais tenso à medida que a Novonor alega que informações obtidas por promotores e procuradores peruanos a partir da colaboração com as autoridades brasileiras foram indevidamente utilizadas na referida arbitragem. Revelações obtidas, por exemplo, através da delação do ex-diretor da Odebrecht, Jorge Barata, incluíam o pagamento de propinas e práticas de caixa 2 relacionadas a campanhas políticas no Peru.

Compromissos não cumpridos e futuro incerto

O histórico de descumprimentos nos acordos de cooperação já havia alarmado a Novonor, que mencionou uma suspensão anterior da cooperação em 2022, resultante de queixas semelhantes sobre as ações das autoridades peruanas. Após essa suspensão, houve uma ata de entendimento entre a empresa e o Ministério Público do Peru, que afirmava um compromisso em corrigir os descumprimentos identificados. Contudo, a Novonor relata que, logo após o restabelecimento da cooperação, novas irregularidades foram observadas, levando à atual suspensão.

Em suma, o futuro da atuação da Novonor no Peru, assim como a continuidade de sua relação com as autoridades brasileiras, permanece incerto. Com a escalada das tensões e a contestação sobre a validade das provas e a colaboração bilateral, a empresa se vê em um impasse que poderá influenciar não apenas sua recuperação judicial, como também o cenário jurídico entre os dois países.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes