Brasil, 17 de maio de 2025
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Marfrig assume controle da BRF em fusão que transforma o setor

A fusão entre Marfrig e BRF cria uma das maiores indústrias de proteína animal do mundo, mas analistas alertam para riscos.

A recente fusão entre a Marfrig e a BRF promete provocar uma transformação significativa no setor de proteína animal, formando uma das maiores companhias do mundo nesse segmento. A operação, que envolve a aquisição do restante das ações da BRF pela Marfrig, gerou reações diversas no mercado e entre os analistas financeiros, que discutem o impacto da fusão e suas potenciais consequências.

Operação e estrutura da nova empresa

A Marfrig, que já detinha 50,49% das ações da BRF, anunciou a compra do restante dos 1,68 bilhão de ações em circulação. A operação, que pode ser avaliada como desproporcionalmente desfavorável para acionistas da BRF, já está sendo motivo de crítica de analistas. Juntas, as duas empresas processam diariamente mais de 20 mil cabeças de gado, 40 mil suínos e 6 milhões de aves, com um faturamento combinado de R$ 152 bilhões, dos quais 76% provêm de mercados internacionais.

Consolidação do mercado e futuro da MBRF Global Foods Company

Com o fechamento do acordo, a nova marca, que será denominada MBRF Global Foods Company, ocupará a terceira posição no ranking global do setor de proteínas, atrás apenas da JBS e da Tyson, dos Estados Unidos. A fusão prevê uma troca de 0,8521 ações da Marfrig para cada ação da BRF. Isso significa que quem possui 100 ações da BRF passará a contar com 85 ações da Marfrig.

As assembleias gerais para aprovação do negócio deverão ocorrer no dia 18 de junho. Caso a fusão seja aprovada, a BRF passará a ser uma subsidiária integral da Marfrig. Leonardo Alencar, analista de Agro, Alimentos e Bebidas da XP, é otimista quanto à aprovação, uma vez que a Marfrig já possui uma posição majoritária. No entanto, Igor Guedes, analista da Genial Investimentos, aponta que o deságio oferecido na troca de ações é incomum e considerado desfavorável para os acionistas da BRF.

Reações do mercado e possíveis riscos

Após a divulgação do acordo, as ações da Marfrig valorizaram-se quase R$ 3 bilhões, enquanto as ações da BRF oscilaram, fechando com leve alta de 0,78%. Marcos Molina, controlador e presidente das duas empresas, enfatizou que a fusão representa um passo em direção à “redomiciliação” do conglomerado, com planos para transferir a sede para os Estados Unidos, o que gerará mudanças legais significativas para a empresa.

“As vantagens que isso inclui são evidentes. A fusão abre uma oportunidade enorme na América do Norte, especialmente pela presença da Marfrig através da National Beef”, declarou Molina. Esta estratégia pode indicar que a nova empresa também será listada na Bolsa de Nova York, atendendo às novas legislações e regulamentações locais.

Críticas e preocupações sobre canibalização de marcas

Com a fusão, surgem preocupações sobre a canibalização de marcas que podem afetar a operação das empresas. Roberto Kanter, professor da FGV, aponta que as marcas Sadia e Perdigão estarão competindo entre si no mesmo portfólio, o que exigirá decisões estratégicas sobre qual marca manter em determinados segmentos de mercado.

Além disso, a análise de Enrico Cozzolino, sócio e head de Análise da Levante Investimentos, sugere que a fusão pode ser benéfica, proporcionando um portfólio diversificado que ajudaria a mitigar as flutuações do mercado. Entretanto, é essencial que a nova empresa encontre um equilíbrio adequado para evitar disputas internas.

Desafios do setor de proteínas

O setor de proteínas enfrenta sua cota de desafios, conforme refletido na recente queda das ações da BRF, que também está sofrendo os efeitos do bloqueio temporário de embarques devido a surtos de gripe aviária em regiões estratégicas. O CEO da BRF, Miguel Gularte, assegurou que a companhia tem implementado um plano de contingência com a manutenção de estoques para garantir o abastecimento nos mercados afetados.

A fusão entre Marfrig e BRF representa uma nova era para o setor de proteínas, mas também traz à tona uma série de questões que precisam ser abordadas, tanto pela nova administração quanto pelos acionistas. Resta agora aguardar a decisão das assembleias em junho e como essa grande movimentação de mercado irá impactar o futuro da indústria alimentar no Brasil e no mundo.

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