O Grupo L’Oréal, em parceria com o Movimento pela Equidade Racial (Mover), acaba de dar um passo significativo na luta contra o racismo no varejo de luxo no Brasil. Juntos, eles lançam o Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro, uma iniciativa destinada a revisar as práticas de atendimento ao consumidor e promover um ambiente mais igualitário e respeitoso nas lojas.
Um manifesto contra práticas discriminatórias
O Código, que será disponibilizado para empresas do setor, tem como base o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e se fundamenta em dados alarmantes de uma pesquisa intitulada “Racismo no Varejo de Beleza de Luxo”, realizada pela divisão de luxo da L’Oréal. Os resultados apontaram que 90% dos clientes negros das classes A e B enfrentam formas de racismo ao fazer compras em lojas desse segmento. Essa estatística preocupante motivou a criação do Código, que contém um conjunto de dez propostas de normas voltadas para a promoção da igualdade e inclusão.
Propostas para promover a equidade racial
Embora o Código não tenha validade jurídica, ele apresenta diretrizes importantes destinadas a erradicar práticas racistas, muitas vezes sutis, no atendimento ao consumidor. Algumas das propostas incluem:
- Capacitação antirracista: Treinamento obrigatório para funcionários, visando eliminar vieses raciais nas práticas de atendimento.
- Prontidão no atendimento: Garantia de que consumidores negros sejam atendidos de forma ágil e respeitosa.
- Garantia de livre acesso e circulação: Proibição de barreiras que limitem o acesso de consumidores negros aos estabelecimentos.
- Regras para revistas: Protocolos claros para abordagens e revistas, restritas a situações específicas e não a estereótipos raciais.
Segundo Natália Paiva, diretora executiva do Mover, o Código é um avanço considerável na luta contra o racismo e na promoção da equidade racial. “É necessário um esforço conjunto para erradicar preconceitos”, afirma Paiva, destacando que a experiência de compra deve ser marcada pela igualdade e respeito.
Iniciativa de autorregulamentação
Bianca Ferreira, head de Comunicação e Diversidade da L’Oréal Luxo, enfatiza a importância de que outras empresas adotem o Código como um protocolo interno. “Queremos inspirar pelo exemplo, mostrando que a mudança é possível sem a necessidade de lei. É um ato de autorregulamentação antirracista”, comenta Bianca. O Código será disseminado para os shoppings do grupo Allos e para a Associação Brasileira de Perfumarias Seletivas, ampliando seu alcance.
Um marco no mercado e na sociedade
Os impactos da implementação do Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro vão além das lojas de luxo. A jurista Dione Assis, fundadora da organização Black Sisters in Law, menciona que “temos a chance de dar voz às nossas experiências e inspirar mudanças”. O objetivo é contribuir para um mercado onde todas as pessoas se sintam representadas e valorizadas.
Com a crescente conscientização sobre questões de diversidade e inclusão, iniciativas como essa são fundamentais para criar um futuro em que a equidade racial não seja uma utopia, mas uma realidade vivida diariamente por todos os consumidores.
À medida que mais empresas adotam práticas antirracistas, a esperança é que um novo padrão de respeito e igualdade se estabeleça no Brasil. O Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro é um chamado à ação, não apenas para o setor de varejo, mas para toda a sociedade, que deve abraçar a diversidade como um valor essencial.
Este passo dado pelo Grupo L’Oréal e o Mover pode, assim, não só melhorar as experiências de compra, mas também fomentar uma maior conscientização sobre a importância de valorizar a diversidade em todos os aspectos da vida cotidiana.
