Brasil, 17 de maio de 2025
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Jeffrey Sachs critica políticas de Trump na palestra da PUC-Rio

O economista Jeffrey Sachs abordou desigualdade e meio ambiente em palestra na PUC-Rio.

O renomado economista Jeffrey Sachs esteve no Rio de Janeiro esta semana para uma palestra na PUC-Rio, onde abordou temas como desenvolvimento sustentável e desigualdade econômica. Durante a sua apresentação, Sachs criticou a abordagem unilateral do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às tarifas comerciais e à política ambiental global.

Sachs discute a política econômica de Trump

Sachs apontou que as tarifas aplicadas a outros países pelos EUA desde o início do mandato de Trump não são resultado de uma abordagem governamental, mas sim de uma decisão pessoal do presidente, configurando o que ele descreveu como uma política de one-man show. Ele acredita que a trégua de 90 dias anunciada recentemente com a China se tornará uma solução duradoura, pois Trump se apoia na memória curta do povo americano. “Se você me perguntar o que vai acontecer após 90 dias, minha aposta é que nunca mais ouviremos falar disso”, disse Sachs, referindo-se à incerteza das políticas tarifárias.

A relação entre tecnologia, desigualdade e ética

Além de criticar as políticas tarifárias de Trump, Sachs chamou a atenção para a combinação perversa de interesses de bilionários da tecnologia e a ideologia libertária nos EUA, em meio ao aumento da desigualdade de renda no país. Ele argumentou que o combate à pobreza e à concentração de riqueza não depende apenas de políticas públicas adequadas, mas também envolve uma questão de visão ideológica e ética. “A riqueza precisa ser acompanhada de responsabilidade social”, enfatizou.

Desenvolvimento sustentável num mundo multipolar

O tema central da palestra de Sachs foi o desenvolvimento sustentável em um mundo cada vez mais multipolar. Ele destacou que os líderes globais precisam mudar suas percepções sobre o meio ambiente e sua relação com o crescimento econômico. Em tempos de crises e conflitos entre potências, a governança global precisa ser repensada, e isso inclui reconhecer o papel que os EUA, como uma das maiores potências, devem assumir em um sistema de governança cooperativa.

O papel da China e a governança ambiental

Sachs também fez uma análise do papel da China como uma potência que pode se apresentar como um contraponto aos EUA na área ambiental. Ele acredita que, embora nenhum país isolado possa liderar o mundo, a China tem um papel significativo em promover o multilateralismo e a paz global. “Quando a China diz defender o multilateralismo, não é apenas uma retórica; ela entende que seu sucesso depende de um sistema comercial ordenado e pacífico”, afirmou.

O Brasil na agenda ambiental global

Em relação ao Brasil, Sachs destacou que o país tem um papel único no novo sistema multipolar devido à sua biodiversidade e suas economias em crescimento, como a do México. Com a realização da COP30, o Brasil deve aproveitar essa oportunidade para se posicionar como um líder nas discussões climáticas. “O Brasil é o principal fornecedor mundial de biocombustíveis e pode se tornar também líder em combustíveis de aviação com emissões zero”, disse Sachs, ressaltando a importância do país no cenário global.

Desigualdade e pobreza no mundo contemporâneo

Discorrendo sobre a desigualdade, Sachs reconheceu que, embora a pobreza extrema esteja diminuindo, a desigualdade de renda tem aumentado. Ele enfatizou que a educação de qualidade e a provisão adequada de infraestrutura são essenciais para enfrentar essa disparidade. “A medida mais importante para lidar com a desigualdade é garantir que a educação de qualidade seja acessível a todos”, afirmou Sachs.

Finalmente, o economista concluiu que as mudanças climáticas e a pobreza estão interligadas e que é vital desenvolver uma abordagem ética que encoraje a responsabilidade social. “Precisamos de soluções técnicas que andem de mãos dadas com uma orientação ética adequada”, concluiu.

A presença de Sachs e seus comentários perspicazes na PUC-Rio refletem uma preocupação crescente com a responsabilidade econômica e ambiental em um mundo em transformação, ressaltando a necessidade de uma governança colaborativa e inclusiva.

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