No mês passado, a fazenda Santa Mônica, de propriedade do deputado federal Eunício Oliveira (MDB), foi alvo de uma audaciosa invasão. A ação, que ocorreu entre os municípios de Corumbá de Goiás e Alexânia, chamou a atenção da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) e deixou o parlamentar em um estado de alerta constante, especialmente por suas peculiaridades.
Detalhes da invasão
Segundo relatos de funcionários presentes no local, os invasores se apresentavam como agentes da Polícia Federal, utilizando uniformes oficiais e veículos blindados com símbolos da corporação. Durante o ataque, os criminosos perguntavam por “chefe”, o que gerou suspeitas sobre suas intenções serem relacionadas diretamente ao deputado Eunício. Os seguranças da fazenda foram rendidos, e uma rápida inspeção foi feita, embora nada de grande valor tenha sido levado, exceto verificações em um cofre, de acordo com o caseiro.
Motivações e possível organização criminosa
O inquérito da PCGO investiga a participação de pelo menos dez indivíduos na invasão, além de um núcleo que supostamente planejou o ataque. A natureza da invasão levanta questões sobre suas motivações; o fato de não haver roubo significativo fomenta teorias de que a ação era uma forma de intimidação ou retaliação.
Os veículos utilizados pelos criminosos foram alugados em Fortaleza (CE) e deixados abandonados nas proximidades da fazenda, reforçando a suspeita de que uma organização criminosa pode estar envolvida. As autoridades ainda estudam a conexão entre esse episódio e eventos anteriores relacionados a disputas de terra na região, onde a fazenda já foi ocupada por famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Investigações em andamento
A investigação está sob a supervisão da PCGO, com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) pedindo agilidade nas apurações. Imagens de câmeras de segurança da fazenda estão disponíveis, mas a identificação dos criminosos se mostra desafiadora, pois todos estavam encapuzados e armados. A PCGO não descarta a possibilidade de envolvimento de uma organização criminosa do Ceará, o que poderia complicar ainda mais o andamento das investigações.
Histórico da fazenda e conflitos legais
A fazenda Santa Mônica não é apenas uma propriedade agrícola; ela carrega uma história jurídica tumultuada. Em setembro de 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu devolver a posse da área a Eunício Oliveira após um longo processo de disputas indefinidas, que incluíram ocupações por famílias goianas. Essa disputa legal por terras entre o parlamentar e seus adversários tem raízes que se estendem até 2009 e já resultou em confrontos com o MST.
Eunício Oliveira não estava na fazenda durante a invasão e teve conhecimento do ocorrido apenas após ser informado por sua equipe de segurança em Brasília. As câmeras de segurança foram acessadas para tentar compreender melhor a situação, mas a insegurança persiste. O deputado expressou preocupação em retornar ao local após a invasão, um sentimento que ressalta a instabilidade que muitos proprietários rurais enfrentam em áreas com histórico de conflitos por terra.
Impacto e repercussões na sociedade
As repercussões dessa invasão vão muito além da segurança pessoal de Eunício Oliveira. O episódio ilumina a crescente tensão em torno das disputas de terras no Brasil e as implicações dessas disputas para a segurança pública. À medida que a polícia avança nas investigações, a sociedade civil aguarda respostas sobre a verdadeira natureza da invasão e se as autoridades poderão encontrar e punir os responsáveis por esse audacioso ataque.
A situação continua a se desenvolver, e o caso deve permanecer sob os holofotes da mídia, especialmente considerando a relevância dos envolvidos e as encruzilhadas em que se encontram tanto a política quanto a segurança no campo.
O desenrolar das investigações e as decisões que seguirão serão cruciais para determinar não apenas o futuro da fazenda Santa Mônica, mas também o clima de segurança para outros proprietários de terras na região e o impacto que isso terá nas relações entre os diversos atores sociais envolvidos nas disputas de terras.