Na manhã desta sexta-feira (17), a Moody’s classificou a dívida pública dos Estados Unidos como “high grade”, após mais de um século mantendo a nota máxima AAA. Esta decisão histórica surge em um contexto de crescente endividamento e tensões políticas, causando preocupação entre economistas e investidores em todo o mundo.
Motivos do rebaixamento da nota dos EUA
A agência de classificação de risco Moody’s destacou em seu comunicado que a dívida pública americana ultrapassou níveis insustentáveis, atingindo patamares superiores a outros países com notas semelhantes. A Moody’s também apontou um adiamento Executivo do debate sobre medidas fiscais necessárias para conter o déficit crescente.
Um dos trechos do relatório indica que “os pagamentos de juros federais provavelmente consumirãocerca de 30% da receita pública até 2035, em comparação com aproximadamente 18% em 2024.” Esse aumento significativo é um reflexo do impacto das taxas de juros mais altas e do crescimento acelerado da dívida desde a pandemia de COVID-19.
Impactos econômicos e reações políticas
A reação imediata nos mercados financeiros foi notável. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos subiram para 4,49%, e um fundo com ações do S&P 500 registrou queda de 0,6% nas transações pós-mercado. “O rebaixamento pode indicar que os investidores exigirãomais altos rendimentos para compensar os riscos associados à dívida”, afirmou Tracy Chen, gerente de portfólio da Brandywine Global Investment Management.
Em resposta à decisão da Moody’s, a Casa Branca criticou a avaliação, classificando-a como política. O porta-voz do presidente Donald Trump, Steven Cheung, questionou a credibilidade das análises da agência e acusou um de seus economistas de ser um crítico assíduo do governo. “Ninguém leva sua ‘análise’ a sério”, disse Cheung, sugerindo que a Moody’s não está seguindo os dados reais da economia americana.
A perspectiva futura para a economia dos EUA
A Moody’s afirma que os EUA não correm risco imediato de novo rebaixamento, mantendo uma perspectiva “estável” devido à sua robusta política monetária. Contudo, para que a nota seja elevada novamente, a agência sugere a necessidade de reformas fiscais que possam desacelerar a deterioração na capacidade de pagamento da dívida.
Segundo analistas financeiros, o contexto atual da economia americana, que se apresenta como a mais dinâmica entre as nações industrializadas, não está em alinhamento com o rebaixamento. Joseph Lavorgna, economista-chefe da SMBC Nikko Securities, mencionou que “o rebaixamento parece desproporcional, considerando que os EUA têm a maior produtividade per capita e um nível robusto de crescimento econômico”.
Histórico e contexto da classificação de risco
Vale ressaltar que a Moody’s era a única das três principais agências de classificação de risco a manter a nota AAA para a dívida americana. A Fitch e a S&P já haviam rebaixado suas classificações previamente, e a Moody’s por muito tempo se manteve firme. A última vez que os EUA viram sua nota rebaixada foi há mais de um século, especificamente em 1917.
Com o novo rebaixamento, os Estados Unidos perderam o status de “prime” e foram categorizados no nível “high grade”, uma classificação que ainda é considerada elevada, mas que simboliza uma deterioração significativa na perspectiva financeira nacional. Neste nível, ao lado dos EUA, estão países como Áustria e Finlândia.
Este rebaixamento representa um desafio para a administração atual, levantando dúvidas sobre a eficácia da política fiscal e as estratégias a serem adotadas para enfrentar a crescente dívida pública. As próximas semanas e meses serão cruciais para observar como o governo abordará essas questões e quais medidas serão implementadas para restaurar a confiança dos investidores.
Com a pressão aumentando sobre a administração, pode-se esperar um foco renovado em soluções fiscais que visem recuperar a classificação perdida e assegurar a estabilidade econômica do país.