A recente crise envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) trouxe novos desafios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que agora vê suas expectativas para 2025 como “o ano da colheita” serem ameaçadas. O impacto do escândalo e a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso exigem do Palácio do Planalto uma reavaliação em suas estratégias de comunicação, além de forçá-lo a buscar novas medidas para se reconectar com a população e enfrentar a oposição nas eleições do próximo ano.
A crise do INSS e suas consequências
Sondagens iniciais realizadas pelo governo já indicavam que a polêmica em torno dos desvios nas aposentadorias interrompeu a gradual recuperação da imagem de Lula. A potencial CPI pode desviar a atenção da articulação política e atrapalhar a aprovação de projetos importantes, enquanto o semestre legislativo atual mostrou-se pouco produtivo para a agenda do presidente. A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, destacou que a investigação pode atrasar o ressarcimento das vítimas envolvidas no escândalo.
A CPI representa um risco considerável ao governo, com ministros convocados a depor e novas revelações sobre o esquema ainda em andamento, o que poderá resultar em meses de desgaste político. Esse quadro levou o Planalto a, de um lado, tentar manobras para evitar a CPI, buscando inserir aliados em posições estratégicas na comissão, e de outro, acelerar a implementação de ações sociais que atendam a população.
Medidas em resposta à crise
Diante da necessidade urgentíssima de mudanças, Lula e seus aliados buscam “boas notícias” que revitalizem sua imagem. Uma das grandes apostas é a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Essa medida, visto que é uma promessa de campanha, é considerada crucial para melhorar a relação do governo com a classe média. Contudo, a viabilidade da reforma depende do ritmo de aprovação no Congresso.
Além disso, nas próximas semanas o Palácio do Planalto deverá lançar ações com forte apelo popular, como a gratuidade nas tarifas de energia elétrica para beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico) e um novo formato do vale-gás, denominado “Gás para Todos”. Estas iniciativas visam proporcionar alívio a famílias de baixa renda em um momento de crescente pressão econômica.
Outra proposta em discussão envolve linhas de crédito destinadas à população de baixa renda, além de um programa focado na reforma de moradias precárias que pode se tornar uma forte bandeira do governo, com expectativas de apresentação do modelo em breve. Tais iniciativas refletem uma tentativa de recuperar o apoio da população e fortalecer a imagem do governo Lula frente à crise.
A comunicação e as expectativas do governo
O ajuste na comunicação torna-se necessário, já que iniciativas recentes não foram suficientes para mitigar os desgastes acumulados. A polêmica em torno da “taxação das blusinhas”, percebida como um excesso de impostos e o impacto das críticas por conta da crise do Pix geram descontentamento público. Rubens Pereira Júnior, vice-líder do governo na Câmara, reconhece que ajustes são necessários, mas enfatiza que a entrega de resultados é igualmente importante.
A Secretaria de Comunicação do governo (Secom) defende que os novos programas são um aprimoramento de políticas já existentes e que, após um período de reestruturação, 2025 será o ano das grandes entregas. No entanto, essa mudança de foco não elimina a necessidade de abrir novas frentes de ação, dado que os desafios continuam a surgir.
O escândalo do INSS atinge de forma significativa a imagem do governo, pois reaviva as lembranças de eventos passados de corrupção que marcaram o partido, como o petrolão e o mensalão. Essa situação gera preocupações entre os aliados de Lula, que temem que a repetição de erros do passado afetem a credibilidade do governo.
Com um cenário repleto de desafios, a administração Lula se vê diante da necessidade de equilibrar a implementação de novas ações com a preservação da imagem pública. Assim, a busca pela reconstrução da popularidade do presidente nos próximos meses será fundamental, especialmente em vista das próximas eleições e do fortalecimento do seu governo.