Neste próximo sábado, 17 de maio, às 15h, o sacerdote do século XIX, padre Camille Costa de Beauregard, será beatificado em Chambéry, na França, tornando-se o primeiro beato do pontificado de Leão XIV. Dedicado à educação de crianças órfãs e marginalizadas, o padre Camille é considerado um exemplo de virtude e solidariedade, marcado pelo sofrimento e pela compaixão que demonstrou ao longo de sua vida.
O significado da beatificação de Camille Costa
O arcebispo Thibault Verny, líder religioso que pastoreia as dioceses de Chambéry, Maurienne e Tarentaise, expressou a alegria compartilhada em torno do evento, afirmando: “Há um entusiasmo que vai além da cidade de Chambéry, além da Sabóia, além até mesmo da Igreja”. Ele presidirá a missa em conjunto com o núncio apostólico na França, o arcebispo Celestino Migliore, que representa o Papa na cerimônia de beatificação.
Camille Costa nasceu em 1841, em uma família nobre, e, após redescobrir a fé aos 20 anos, decidiu se tornar sacerdote. Estudou no seminário francês de Roma, onde foi ordenado na histórica basílica de São João de Latrão. Sua trajetória esteve marcada por desafios e pela determinação em servir os mais necessitados. A beatificação foi inicialmente colocada em dúvida pela morte do Papa Francisco, mas a celebração foi confirmada pelo Papa Leão XIV, que ratificou um decreto em março de 2024.
A criação da obra Bocage pelo padre Camille
Após recusar uma carreira diplomática na prestigiada Academia dos Nobres Eclesiásticos, Camille retornou a Chambéry, tornando-se vigário da catedral. Em agosto de 1867, em meio a uma epidemia de cólera que assolou a cidade, ele fundou o Bocage, um local para acolher órfãos e oferecer educação, estabelecendo uma ligação com a agricultura. Esta obra foi gerida por ele até sua morte, em 1910, aos 69 anos. O legado de Camille se reflete nas palavras do arcebispo: “É muito estimulante pensar que qualquer pessoa pode seguir o exemplo de Camille diante do sofrimento.”
A influência e a ligação com Dom Bosco
O novo beato, cujo exemplo se torna cada vez mais relevante, foi também vítima de bullying em sua juventude, o que o torna sensível ao sofrimento de jovens em situação semelhante. Sua abordagem educacional pautava pela construção de uma relação de confiança entre educadores e alunos, um pilar fundamental para a formação de indivíduos saudáveis e conscientes. O Bocage, que continua em atividade sob a gestão dos salesianos de Dom Bosco, mantém viva a missão educativa do padre, sendo agora conhecido como Fondation du Bocage.
Camille e Dom Bosco se conheceram em 1879 em Turim e, segundo o arcebispo Verny, suas pedagogias possuem muitos pontos em comum: “Eles são um pouco como primos”. Essa conexão ressalta a importância da educação respeitosa e carinhosa, baseando-se na valorização de cada indivíduo e na promoção da responsabilidade dos jovens acolhidos.
A herança viva de padre Camille
A herança de Camille Costa de Beauregard transcende fronteiras, atraindo peregrinos de diversas partes do mundo a Chambéry, cada vez mais interessados em seguir os passos desse notável sacerdote. É um momento de reflexão e gratidão para muitos: “Neste ano jubilar, somos todos peregrinos da esperança: esta beatificação não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida para reforçar nossa esperança no Ano Santo e além”, conclui o arcebispo Verny.
Outro evento de beatificação adiado
Enquanto a beatificação de padre Camille Costa será um marco, outra cerimônia, a de Dom Eduard Profittlich, programada para o mesmo dia na Estônia, foi adiada por questões logísticas. O jesuíta, que enfrentou severas provações e torturas, é lembrado por sua dedicação e sacrifício na defesa da fé.
Assim, a beatificação de Camille não apenas celebra sua vida e obra, mas também inspira uma nova geração a se envolver na missão de cuidar e educar, reafirmando os valores da compaixão e solidariedade que ele exemplificou ao longo de sua vida.