O Aterro Sanitário de Seropédica, que desde 2012 acolhe uma parte significativa do lixo produzido na cidade do Rio de Janeiro e em municípios vizinhos, como Seropédica, Itaguaí, Mangaratiba, Piraí e Miguel Pereira, está em meio a um processo de ampliação. Essa iniciativa visa não apenas aumentar a capacidade de armazenamento, mas também melhorar a gestão de resíduos e minimizar os impactos ambientais.
A importância da destinação correta do lixo
A destinação inadequada do lixo é um tema de grande preocupação para ambientalistas, pois resulta em poluição do solo e contaminação dos lençóis freáticos. Por essa razão, é crucial que aterros como o de Seropédica operem com um controle rigoroso para preservar o meio ambiente. Rafael Botelho Silveira, diretor técnico operacional da Ciclus, menciona que o aterro conta com um sistema de impermeabilização composto por quatro camadas, garantindo que o resíduo não cause danos ao solo. “É um sistema altamente tecnológico, que combina solo argiloso compactado e três geomembranas”, afirma.
Inovações tecnológicas no aterro
Uma das grandes inovações do aterro de Seropédica é a transformação do lixo em recursos. Através de tecnologia avançada, o aterro é capaz de gerar biogás e água a partir das lagoas de chorume, um líquido escuro oriundo da decomposição da matéria orgânica. Esse resíduo líquido passa por um processo de pré-tratamento que o transforma em água reutilizável. Atualmente, cerca de 80% da água usada no aterro provém desse tratamento, o que permite que a operação se torne praticamente autossuficiente.
Além disso, o biogás gerado no aterro é utilizado para abastecer motores que geram energia elétrica, tornando o local autossuficiente em termos de consumo energético. Parte desse biogás é convertida em biometano, que é vendido para indústrias e postos de combustíveis como gás veicular natural. “O biogás é uma fonte energética fundamental para nossa operação e também para o mercado energético”, explica Rafael.
Desafios e a realidade dos lixões
Enquanto o aterro de Seropédica passa por melhorias, a realidade dos lixões ainda é alarmante no Brasil. Embora a legislação determine que municípios com mais de 50 mil habitantes deveriam eliminar esses locais até agosto de 2023, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que os lixões persistem em pelo menos uma em cada cinco grandes cidades do país. Diante desse cenário, centros de tratamento como o de Seropédica se tornam essenciais para a gestão correta dos resíduos sólidos.
Obras de ampliação e investimentos
As obras de ampliação do Aterro Sanitário de Seropédica tiveram início no final de 2024, com um investimento significativo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou uma linha de crédito de R$ 125 milhões, dos quais R$ 88 milhões são oriundos do Fundo do Clima e R$ 37,7 milhões da Linha de Saneamento. Essa ampliação permitirá que o centro de tratamento receba 11,4 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, superando a atual capacidade de 10 mil toneladas.
Entre as melhorias previstas, está a construção de duas novas lagoas destinadas ao armazenamento de chorume, potencializando ainda mais a funcionalidade do aterro e contribuindo para uma gestão de resíduos mais eficiente e sustentável.
Assim, o Aterro Sanitário de Seropédica se firma como uma peça-chave na infraestrutura de gestão de resíduos da região metropolitana do Rio de Janeiro, refletindo um compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.