Na véspera da data em que o grupo acusado pela trama golpista planejava realizar um atentado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Vanessa Isac, mulher do agente federal Wladimir Soares, fez declarações preocupantes a uma amiga. Congratulando-se com os fortes rumores de um plano em andamento, ela mencionou que poderiam enfrentar “dias muito difíceis” e recomendou que estocassem água, comida e remédios.
A trama golpista e os alertas de Vanessa Isac
As mensagens de Vanessa Isac foram enviadas no dia 14 de dezembro de 2022, um dia antes da execução do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que visava o atentado contra o ministro do STF. Segundo informações da Procuradoria-Geral da República (PGR), Wladimir Soares está entre os acusados pela trama golpista, mas Vanessa não figura como ré. No entanto, as investigações mostram que ela participou de acampamentos golpistas ao lado do marido, levantando suspeitas sobre sua envolvimento.
Na mensagem, Vanessa advertiu à amiga que se preparasse para tempos difíceis e destacou a importância de estocar suprimentos, insinuando que algo estava prestes a acontecer. “Estoquem comida e água, e remédios de uso diário. Se ocorrer algo, estaremos preparados”, afirmou, deixando clara sua preocupação com a situação política e a ameaça iminente.
O contexto e as investigações
Wladimir Soares, policial federal, foi preso em novembro de 2022 por supostamente integrar uma organização criminosa acusada de tentar dar um golpe de Estado no Brasil. Ele foi investigado por ter enviado mensagens com informações sobre a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a servidores ligados ao governo anterior de Jair Bolsonaro. Soares confessou em áudio que fazia parte de uma equipe de operações especiais pronta para “defender” Bolsonaro com um “poder de fogo elevado”.
Além disso, os áudios, que foram enviados à relatoria do caso, mostram que Soares e outros membros do grupo “Down City” estavam convencidos de que um golpe poderia impedir a posse de Lula. Essa convicção foi um dos fatores que levou a investigações aprofundadas e a apreensão de aparelhos eletrônicos do policial.
Denúncias e consequências legais
A PGR prossegue com a denúncia contra Soares e outros 11 suspeitos, que formarão o chamado “núcleo 3” do grupo golpista, com julgamento marcado para a próxima semana no STF. Vanessa, por sua vez, apesar de não ser ré, permanece sob o olhar das autoridades. O relatório da Polícia Federal destacou que, embora ela tenha participado de várias manifestações de cunho golpista, não foi comprovado seu envolvimento direto na organização criminosa.
O caso levanta questões sérias sobre o estado da segurança pública e a infiltração de grupos extremistas entre as forças de segurança no Brasil. A preocupação da esposa do agente federal, que pede precauções em momentos de crise, revela um clima crescente de instabilidade política e social no país.
A reflexão sobre a segurança e a política no Brasil
Este episódio é emblemático do contexto político brasileiro atual, em que descontentamentos sociais e políticos têm gerado tensões perigosas. A advertência de Vanessa Isac a sua amiga não é apenas um relato sobre um evento isolado, mas um reflexo do clima de medo e incerteza que permeia uma parte da população, especialmente entre aqueles que se opõem ao governo atual ou têm vínculos com o passado político recente.
Conforme as investigações avançam, a sociedade brasileira se vê diante da necessidade urgente de discutir a segurança pública, a integridade das instituições democráticas e a responsabilidade individual e coletiva na formação do futuro do país. A narrativa de um golpe em curso, mesmo que frustrado, exige uma resposta robusta e uma reflexão profunda sobre os valores que sustentam a democracia brasileira.
À medida que o julgamento se aproxima e novas informações vêm à tona, fica evidente que a trama golpista não é apenas um tópico de discussão política, mas um sinal de alerta para todos os brasileiros sobre a importância da vigilância e do engajamento democrático.