O recente vazamento da intervenção da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, durante um jantar diplomático na China, gerou uma nova crise para o governo federal. O incidente se soma a uma série de dificuldades enfrentadas pela administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta apagar incêndios gerados pela situação dos descontos indevidos em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A crise se intensifica com o jantar na China
Ao chegar à China no dia 10 de maio, o ambiente já estava tenso. O governo enfrentava críticas nas redes sociais e a divulgação incessante do escândalo dos descontos indevidos, que deu à oposição uma oportunidade valiosa para atacar a gestão do petista. Durante esse contexto conturbado, Janja fez uma intervenção constrangedora ao questionar, em um jantar com o presidente da China, Xi Jinping, o suposto favorecimento do Tik Tok a conteúdos da extrema-direita, o que levou o presidente Lula a reconhecer publicamente o embaraço da situação.
A repercussão do vazamento
O episódio foi ainda mais agravado pelo vazamento da conversa, que gerou indignação em Lula. O presidente expressou sua frustração em uma coletiva de imprensa, reclamando sobre a falta de confidencialidade. “Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve num jantar que era muito, mas muito confidencial”, desabafou.
Reações dentro do governo
O vazamento gerou descontentamento entre os ministros, que passaram a ser alvo de suspeitas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi um dos principais mencionados no contexto de desconfiança. Para tentar minimizar a crise, alguns ministros até se ofereceram para mostrar seus celulares a Lula, numa tentativa de demonstrar transparência. Contudo, Lula preferiu não aprofundar a investigação interna, evitando desgastes adicionais. A falta de confiança gerada, no entanto, é um desafio difícil de contornar para a equipe governamental.
Crisis paralelas e o INSS
Além do vexame diplomático, a crise do INSS continua a exigir atenção. O governo federal já demitiu o ministro Carlos Lupi, cujas políticas estavam sob crítica. A série de crises agora exige que Lula e sua equipe gerenciem as emergências simultaneamente, com a popularidade do governo em baixa e temores de que novas pesquisas demonstrem um declínio ainda mais acentuado.
Reforma ministerial em meio ao caos
Apesar das turbulências, Lula tenta estruturar uma reforma ministerial que já estava prevista antes das crises se intensificarem. O plano inicial era realizar mudanças até o Carnaval, mas agora parece um objetivo distante. Há especulações sobre a possibilidade de Guilherme Boulos (PSol) assumir a Secretaria-Geral da Presidência, cargo atualmente ocupado por Márcio Macedo (PT). Boulos acompanhou Lula em uma viagem ao Uruguai, onde o presidente prestou homenagem ao ex-presidente Pepe Mujica, falecido recentemente.
Desafios contínuos além da crise atual
O governo Lula já enfrentou graves crises em 2023, como o aumento nos preços dos alimentos e a polêmica em torno do sistema de pagamentos Pix. A alta inflação incomodou muitos eleitores e contradizia as promessas de governo de proporcionar um cenário econômico melhor, enquanto a narrativa negativa sobre possíveis cobranças a trabalhadores informais usando o Pix trouxe ainda mais desgaste à imagem da administração.
Com tantas questões pendentes, a administração de Lula agora batalha para recuperar a confiança pública, enquanto navega em um mar de crises e controvérsias.