A Berkshire Hathaway, gestora do icônico investidor Warren Buffett, adotou uma postura cautelosa em um cenário de volatilidade financeira provocado pela guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump. Em um recente relatório enviado aos mercados, a empresa revelou a manutenção ou venda de participações durante o primeiro trimestre do ano, destacando o encerramento de sua posição acionária em algumas instituições do setor financeiro, incluindo o Nubank.
A desinvestimento no Nubank
Antes de sua abertura de capital em 2021, a Berkshire investiu US$ 500 milhões no Nubank, que hoje é considerado um dos maiores bancos digitais do mundo. Desde então, as ações do Nubank valorizaram 46%, o que representa um lucro significativo para a gestora. Com essa venda, a Berkshire não apenas disponibiliza recursos, mas também reforça uma estratégia de cautela em um mercado que permanece incerto.
Buffett e a transição de liderança
Warren Buffett, conhecido como o “Oráculo de Omaha”, anunciou que irá se aposentar do cargo de presidente do conselho da Berkshire até o final do ano, aos 94 anos. Sua gestão fez da Berkshire uma das empresas mais respeitadas do mercado, com um valor de mercado superior a US$ 1,1 trilhão. A saída de Buffett marca o fim de uma era, onde suas decisões estratégicas influenciaram investidores em todo o mundo.
Outras movimentações no setor bancário
No último ano da sua gestão, Buffett encerrou sua posição no Citigroup e reduziu a participação no Bank of America, onde chegou a ser o maior acionista com 8,3% atualmente. Essas ações demonstram uma tendência de diversificação e avaliação cuidadosa do portfólio da Berkshire em tempos de incerteza econômica.
Acúmulo de caixa e expectativas de mercado
Um dos aspectos mais notáveis da estratégia da Berkshire nos últimos anos foi a acumulação de caixa, que atingiu quase US$ 350 bilhões até o fim de março. Durante a recente reunião anual do conglomerado, Buffett comentou sobre a queda do mercado, que ele considerou “realmente nada” em comparação a momentos em que a Berkshire perdeu metade de seu valor em curtos períodos.
Movimentações de portfólio e confidencialidade
Além da venda de ações, Buffett anunciou que sua empresa esteve “muito perto” de realizar um novo investimento significativo, estimado em US$ 10 bilhões, mas acabou optando por não prosseguir. As ações da Berkshire, sediada em Omaha, experimentaram uma valorização de mais de 11% no ano, superando o desempenho do índice S&P 500, que cresceu menos de 1% no mesmo período.
Outros investimentos estratégicos
Apesar da venda de ativos, Buffett reforçou sua posição na Constellation, que agora representa 6,6% de sua participação na distribuidora de bebidas alcoólicas, equivalente a cerca de US$ 2,2 bilhões. Neste trimestre, ele também adquiriu mais ações da Sirius XM e da Occidental Petroleum. É interessante notar que, por meio de um pedido de tratamento confidencial junto à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), a Berkshire conseguiu omitir algumas participações no documento divulgado recentemente.
Por fim, a participação da Berkshire na Apple permaneceu inalterada e continua sendo o ativo mais valioso de seu portfólio, mostrando que, mesmo em tempos de cautela, a estratégia de investimento de Warren Buffett tem suas prioridades bem definidas.
À medida que a Berkshire Hathaway se adapta às mudanças do cenário econômico e à nova liderança, as decisões tomadas pelo conselho e por novos líderes serão cruciais para o futuro da gestora e de seus investidores. A relação de Buffett com o mercado financeiro permanece uma fonte de inspiração e análise para investidores ao redor do mundo.