A Marfrig, uma das maiores produtoras de carne bovina do país, e a BRF, gigante brasileira especializada em aves e responsável por marcas reconhecidas como Sadia e Perdigão, anunciaram na noite de ontem a intenção de se tornarem uma única empresa. O acordo representa um marco significativo no setor alimentício brasileiro, posicionando as duas companhias em uma posição privilegiada para competir entre os maiores fornecedores de alimentos do mundo.
Detalhes da fusão entre Marfrig e BRF
As duas companhias comunicaram em um fato relevante que celebraram um instrumento protocolar que define os termos e as condições para a incorporação das ações da BRF pela Marfrig. Este processo será realizado por meio da aquisição de ações da BRF, da qual a Marfrig já possui 50,49% do controle. Os acionistas da BRF receberão ações equivalentes da Marfrig, configurando uma nova estrutura societária.
Se a proposta for aprovada nas assembleias extraordinárias de acionistas convocadas para o próximo dia 18 de junho, a BRF se tornará uma subsidiária integral da Marfrig, que mudará sua denominação social para MBRF Global Foods Company S.A. Isso implica que o capital da BRF, atualmente disperso na Bolsa de Valores de São Paulo, conhecida como B3, será fechado, unificando as operações das duas empresas.
Perspectiva financeira e sinergias
Com a fusão, espera-se que sejam geradas sinergias financeiras significativas, estimadas em mais de R$ 800 milhões anuais. A maior parte desses ganhos deve advir de um aumento nas receitas em torno de R$ 485 milhões, resultante de melhorias na logística, força das marcas e sinergias na cadeia de suprimentos, que compreende matéria-prima, embalagens e insumos.
Além disso, as companhias preveem uma redução de R$ 320 milhões anuais em despesas relacionadas a operações comerciais e logísticas, consolidação de um sistema operacional unificado e otimização da estrutura corporativa. Essa reestruturação deve proporcionar uma eficiência significativa e tornar a nova empresa mais competitiva no mercado internacional.
Ambições da nova empresa
O comunicado enviado ao mercado destaca a ambição do negócio que, segundo os CEOs de ambas as companhias, visa criar uma empresa global de alimentos baseada em uma plataforma multiproteínas. Isso não apenas consolidaria a forte presença das duas marcas no mercado, mas também diversificaria o portfólio de produtos, promovendo eficiência e sustentabilidade, com benefícios diretos para acionistas, clientes, fornecedores e colaboradores.
A ambição é criar uma marca que gere sinergias operacionais, financeiras e estratégicas, contribuindo para a modernização e fortalecimento da cadeia produtiva de alimentos no Brasil.
Histórico e estratégia de crescimento
Esta fusão ocorre quatro anos após o magnata brasileiro da carne, Marcos Molina, iniciar esforços para assumir o controle da BRF, que incluíram compras agressivas de ações a preços baixos. A estratégia se mostrou eficaz, já que a companhia se beneficiou da valorização do mercado de frango, o que impulsionou seus lucros e resultou em pagamentos de dividendos expressivos para os acionistas.
O acesso mais facilitado à robusta geração de caixa da BRF também pode ajudar a Marfrig a superar a escassez crítica de gado nos Estados Unidos, que tem severamente impactado os lucros da operação de carne bovina da empresa.
Atualmente, a Marfrig foi avaliada em 8,3 vezes seu valor empresarial em relação aos lucros projetados, um numerário quase o dobro da avaliação das ações da BRF, o que confere à empresa de Marcos Molina uma vantagem competitiva decisiva.
Expectativas para o futuro
O potencial de inovação, fortalecimento do mercado de proteínas e o aumento da competitividade são apenas algumas das promessas que surgem com a fusão entre Marfrig e BRF. Em um mundo cada vez mais dinâmico e com demandas variadas por alimentos, a nova entidade se posiciona como uma referência para a indústria alimentícia, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
Com o processo ainda em discussão e análise pelo mercado, as expectativas são altas e todos os olhos estarão voltados para o desenrolar dessa importante fusão, que poderá redefinir o cenário de produção e distribuição de alimentos no Brasil.
(Reportagem em atualização)