O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à China, tem intensificado os laços comerciais entre os dois países, expandindo acordos que prometem investimentos significativos em diversas áreas, como infraestrutura e tecnologia. Apesar de afirmar que não pretende decidir entre os Estados Unidos e a China, ficou evidente qual direção ele está tomando, particularmente em um contexto global marcado por tensões comerciais.
Momentos decisivos da visita à China
No último encontro em Pequim, Lula e o presidente chinês Xi Jinping assinaram mais de 30 acordos que incluem investimentos em setores como mineração, infraestrutura de transporte e portos, e também na aquisição de jatos da Embraer. Esta visita, a terceira do presidente brasileiro a Xi desde 2023, demonstra o compromisso de Lula em estreitar laços com a China, considerada um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Parcerias estratégicas e acordos bilaterais
Os dois países estão colaborando ainda em áreas de inteligência artificial e iniciativas climáticas. Um dos projetos mais significativos é um acordo entre os bancos centrais que estabelece uma troca de moeda de até R$ 157 bilhões, visando oferecer liquidez aos mercados durante um período de cinco anos.
Impulsão econômica e novos investimentos
A relação comercial entre Brasil e China cresceu consideravelmente na última década, alcançando um volume de US$ 158 bilhões em 2023, quase o dobro do comércio com os Estados Unidos. Para Lula, esses acordos representam uma oportunidade inestimável para acelerar a economia do Brasil, que ainda depende demasiadamente de commodities e busca se posicionar de maneira mais significativa na cadeia de valor global.
O impacto da Nova Rota da Seda
Embora Lula tenha se esquivado de uma adesão formal à iniciativa da Nova Rota da Seda, ele tem demonstrado interesse em aprofundar a cooperação com a China em diversos setores. Um exemplo disso é a proposta de uma ferrovia transoceânica que ligaria a costa atlântica do Brasil ao Pacífico, facilitando o transporte de produtos brasileiros para mercados asiáticos emergentes. Esta iniciativa é especialmente significativa em um momento em que muitos países estão buscando maneiras de diversificar suas parcerias comerciais.
“Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado”, declarou Lula. “China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. Guerras comerciais não têm vencedores.” A iniciativa de Lula em buscar apoio entre os países emergentes se reflete em seu discurso em defesa das instituições multilaterais, no qual se critica o protecionismo adotado por líderes como Donald Trump.
Perspectivas para o agronegócio brasileiro
O Brasil planeja levar uma delegação de empresários do agronegócio para a China, onde participarão de reuniões e da maior feira de alimentos da Ásia, que ocorrerá em Xangai. O objetivo é fomentar o comércio de produtos como carnes, milho, etanol, sorgo, gergelim e café, além da discussão de novas aprovações para exportações de carnes e outros produtos agrícolas.
À luz das atuais tensões comerciais, as empresas brasileiras estão vendo oportunidades de mercado em locais onde as tarifas americanas aumentaram os custos dos produtos agrícolas dos EUA. A busca de Lula por fortalecer o agronegócio brasileiro na China é um passo estratégico para garantir a competitividade em um cenário global desafiador.
Apostando na inovação e desenvolvimento sustentável
Além das tratativas comerciais, o Brasil também procura inverter a dependência de modelos tradicionais de comércio. As inovações tecnológicas estão ganhando destaque, e o representante do Ministério das Relações Exteriores afirmou que “nossa parceria é ambiciosa e o trabalho é complexo, denso e promissor”, reforçando o compromisso do Brasil em diversificar sua agenda de investimentos.
Com a visita a Pequim, Lula não apenas solidificou a relação bilateral com a China, mas enviou uma mensagem clara ao mercado global sobre o futuro econômico do Brasil em um mundo estreito entre potências. A verdadeira questão agora será como essa parceria se desenvolverá em um ambiente internacional cada vez mais polarizado.
À medida que Lula avança em sua estratégia de aprofundamento das relações com os brasileiros, a expectativa é que esses laços comerciais proporcionem um impulso necessário para a economia do Brasil, ao mesmo tempo em que desafiam as narrativas de protecionismo vigentes.