Brasil, 15 de maio de 2025
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Desmatamento no Brasil cai 32,4% em 2024, segundo relatório

Relatório mostra redução do desmatamento em todos os biomas brasileiros, pela primeira vez desde 2019.

Em 2024, o ritmo do desmatamento caiu em todo o Brasil. A área total devastada teve uma queda de 32,4% em comparação com o ano anterior, que também havia registrado uma redução de 26%. Os dados fazem parte do Relatório Anual do Desmatamento (RAD) 2024, compilado pela iniciativa Mapbiomas e publicado nesta quinta-feira (15/5).

É a primeira vez que um recuo do tipo, registrado nos seis biomas nacionais, é identificado pelo RAD desde 2019, quando o relatório começou a ser realizado. Na maior parte das Terras Indígenas (67%), não houve qualquer evento de desmatamento no período. Ainda assim, no ano passado, o país perdeu 12.420 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa.

O Cerrado como principal vítima do desmatamento

O Cerrado foi o bioma que registrou a maior área desmatada, concentrando 52% da totalidade da perda da paisagem natural no país. A Amazônia vem em segundo lugar, seguida pela Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa.

Diante dos números, Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas, prefere não avaliar se a queda registrada é satisfatória para enfrentar a crise climática em curso, agravada com o desmatamento. “O RAD não faz esse tipo de avaliação. Nós observamos os dados. Do ponto de vista das emissões de gases de efeito estufa, quando se reduz desmatamento, há queda nas emissões. Ter menos desmatamento é melhor para o clima”, explica Azevedo à DW.

A situação do Cerrado em 2024

No Cerrado, onde um aumento considerável da devastação foi registrado em 2023, houve uma redução de 41,2% no desmatamento no ano passado. Nessa grande savana brasileira, um dos polos mais biodiversos do mundo, a perda de vegetação atingiu 6.521 km². Essa área cobre principalmente o Planalto Central.

A região do Matopiba, formada pelos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, teve a maior área devastada no Cerrado, respondendo por cerca de 75% do total. “Essa região concentra mais desmatamento do que toda a Amazônia, se considerarmos os dados de 2024”, destaca Roberta Rocha, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), integrante da iniciativa Mapbiomas.

No ranking das 10 cidades com as maiores áreas de vegetação nativa destruída, a campeã é São Desidério, na Bahia, que ocupa essa posição pelo segundo ano consecutivo. O único vetor de pressão do desmatamento neste município é a agropecuária, responsável pela destruição de 1.800 km² no município em 2024.

Queda no desmatamento da Amazônia

Depois de atingir em 2022 o pico da última década, com 12.468 km² destruídos, o desmatamento na Amazônia seguiu a tendência de queda em 2024, quando a área desmatada foi de 3.777 km². O mesmo padrão foi observado em unidades de conservação e Terras Indígenas.

“Quase 99% de todo o desmatamento da floresta detectado tem como vetor de pressão a agropecuária”, afirma Larissa Amorim, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Esse cenário é especialmente observado nos estados na zona conhecida como Amacro, que compreende Amazonas, Acre e Rondônia, onde a agropecuária se expandiu com maior intensidade, em um ritmo similar ao do Matopiba. O Pará, que vai sediar a próxima Conferência do Clima da ONU, continua sendo o estado onde a Floresta Amazônica desaparece mais rápido, segundo o RAD de 2024.

O impacto da agropecuária na Caatinga

Como no Cerrado e na Amazônia, a agropecuária também foi a atividade que mais impulsionou o desaparecimento da Caatinga. Além dessa atividade econômica, os empreendimentos de energia renovável apareceram como outra causa de desmatamento.

“Esses projetos estão se espacializando cada vez mais pelo bioma”, comenta Diego Costa, pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Segundo informações do RAD, os alertas capturados pelos satélites em 2024 indicaram que a área desmatada na Caatinga foi de 1.745 km².

Pantanal e Pampa

O Pantanal foi o bioma com a maior queda proporcional, com um recuo do desmatamento de 58,6% em comparação a 2023. “Em resumo, foram poucos eventos de desmatamento que representam grandes áreas desmatadas”, afirma Eduardo Rosa, do Mapbiomas. O Pantanal registrou um total de 232 km² de devastação, o nível mais baixo desde 2019.

Por outro lado, o Pampa teve a menor área desmatada, totalizando apenas 0,1% do total nacional. Contudo, especialistas alertam que esses dados podem ser subestimados, uma vez que as tecnologias de detecção e validação enfrentam limitações para identificar supressão em ambientes campestres.

Eventos climáticos extremos e o desmatamento na Mata Atlântica

Na Mata Atlântica, o bioma historicamente mais destruído do país, os eventos climáticos extremos registrados em 2024 deixaram marcas significativas na vegetação perdida. O Rio Grande do Sul foi o terceiro estado com maior desmatamento dentro do bioma, em parte devido aos efeitos de enchentes, deslizamentos e ventos fortes.

Em 2024, o corte dessa floresta tropical se manteve estável após uma queda de quase 60% em 2023. Se não fossem os danos causados pelas chuvas de abril e maio do ano passado, o bioma teria registrado uma redução considerável de pelo menos 20% no período, conclui Crusco.

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