Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou uma queda significativa no desmatamento, de acordo com o relatório anual da Rede MapBiomas 2024, divulgado nesta quinta-feira (15/5). A redução foi de 32,4% em relação a 2023. Com isso, o país sinaliza uma mudança no cenário ambiental, embora os dados revelem que o Cerrado permanece em uma situação crítica, sendo o bioma mais afetado. Estas informações são relevantes tanto para especialistas em meio ambiente quanto para a população preocupada com o futuro dos biomas brasileiros.
Queda no desmatamento em todos os biomas, exceto na Mata Atlântica
O levantamento do MapBiomas destacou que, pela primeira vez desde o início da validação e publicação de alertas de desmatamento no Brasil, em 2019, houve queda no desmatamento em todos os biomas, exceto na Mata Atlântica, que permaneceu estável. Em um período de seis anos, o desmatamento no Brasil suprimiu uma área equivalente à da Coreia do Sul, totalizando 9.880.551 hectares, dos quais 67% estão localizados na Amazônia Legal.
Dados gerais do desmatamento em 2024
A área total desmatada no Brasil caiu para 1.242.079 hectares em 2024, uma diminuição em relação aos 1.829.597 hectares registrados em 2023. O número de alertas validados, ou seja, confirmados pelas autoridades competentes, apresentou uma redução de 26,9%. Este é o segundo ano consecutivo de queda, pois em 2023 o desmatamento já havia diminuído 11,6% em comparação a 2022.
O Cerrado continuou a ser o bioma mais desmatado, com 652.197 hectares, representando 52,5% do total nacional. A região do Matopiba (composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento do Cerrado, o que equivale a cerca de 42% da perda total de vegetação nativa no Brasil. A boa notícia é que, mesmo assim, o Cerrado apresentou uma queda de 40% no desmatamento em comparação a 2023.
Ranking dos estados desmatadores
O relatório revelou que o Maranhão é o estado que figura no topo do ranking de desmatadores, sendo responsável por 17,6% da área de vegetação perdida no país, apesar de uma redução de 34,3% na área desmatada. Outros estados como Pará, Tocantins, Piauí e Bahia juntos computam mais de 65% da área desmatada. Na Amazônia, este bioma teve 30,4% da área desmatada no Brasil, totalizando 377.708 hectares, com uma média alarmante de sete árvores perdidas por segundo.
A Caatinga também sofreu com perdas significativas, onde um único imóvel rural no Piauí desmatou 13.628 hectares em apenas três meses. No total, a Caatinga foi o terceiro bioma mais afetado com 174.511 hectares desmatados. As estatísticas são alarmantes e evidenciam a urgência de ações mais efetivas de preservação.
Impacto dos eventos climáticos e do ciclo agropecuário
O desmatamento na Mata Atlântica teve um leve aumento de 2%, considerada uma variação estável, influenciada por eventos climáticos extremos que afetaram o Rio Grande do Sul. O relatório destaca que, sem esses fenômenos, o bioma teria registrado uma redução livre de pelo menos 20% na área afetada.
Os dados sobre a pressão agropecuária são igualmente preocupantes, pois mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa nos últimos seis anos devem-se a atividades agropecuárias. O desmatamento se concentra principalmente em áreas legais, onde o Código Florestal exige a preservação de apenas 20% do Cerrado, e 35% nas áreas da Amazônia Legal. Este contexto revela a necessidade de regulações mais rigorosas e de uma conscientização coletiva em relação à preservação dos biomas.
O Estado do Acre aqui é um caso a ser observado, pois foi o único da região Norte que viu um aumento no desmatamento, com uma alta de 31%. Apesar do resultado negativo para o Acre, a região do Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) apresentou uma queda de 13% no desmatamento quando se compara a 2023.
Conclusão: desafios e responsabilidades
Os dados apresentados pelo relatório da Rede MapBiomas são um sinal de esperança quanto à redução do desmatamento no Brasil, mas também acendem um alerta sobre a situação crítica de biomas como o Cerrado, que continua a ser devastado. A responsabilidade pela preservação do meio ambiente é compartilhada entre governo, empresas e sociedade civil, e ações efetivas devem ser implementadas para garantir a proteção dos ricos ecossistemas que ainda restam.
As informações contidas nesse relatório oferecem uma oportunidade valiosa para reflexões e ações necessárias em prol de um futuro sustentável no Brasil. A queda no desmatamento, embora positiva, deve ser acompanhada por políticas públicas e iniciativas que assegurem a proteção contínua das florestas e da biodiversidade nacional.
Para mais detalhes sobre o desmatamento no Brasil, você pode acessar o relatório completo neste link.