Brasil, 24 de abril de 2025
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Fraude no INSS: expõe falhas de controle em dois governos e R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos

Investigação da CGU e PF revela que esquema bilionário de descontos não autorizados em benefícios do INSS atingiu milhões de aposentados e pensionistas. Operação resulta em apreensão de carros de luxo e afastamento do presidente do instituto.
Foto: Agência Brasil

A operação “Sem Desconto“, deflagrada nesta quarta-feira (23) pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), revelou a dimensão de um esquema bilionário de fraude no INSS contra aposentados e pensionistas. Entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões foram descontados indevidamente de benefícios previdenciários, segundo estimativas da investigação.

O escândalo não apenas escancara falhas nos mecanismos de controle do Instituto Nacional do Seguro Social, como também levanta questionamentos sobre a responsabilidade de diferentes gestões — de Jair Bolsonaro a Luiz Inácio Lula da Silva — diante das reiteradas queixas ignoradas por anos.

Fraude no INSS: esquema se estendeu por dois governos

Embora o volume de descontos tenha se intensificado a partir de 2023, o esquema começou ainda durante o governo Bolsonaro. A CGU identificou que, mesmo diante de relatos insistentes de aposentados sobre descontos não autorizados, medidas efetivas só começaram a ser adotadas após o crescimento exponencial das queixas no atual governo.

O presidente do INSS foi afastado do cargo e seis servidores públicos foram retirados de suas funções. A PF também cumpriu 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal.

Presidente do INSS afastado, Alessandro Stefanutto. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Carros de luxo e dinheiro vivo: o rastro da corrupção

Na coletiva de imprensa, o diretor da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que foram apreendidos carros de luxo, como Rolls Royce e Ferrari, além de grandes quantias em dinheiro — em reais, dólares e euros. Também foram executadas ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão.

A investigação identificou que entidades associativas faziam descontos nos benefícios de forma indevida, sem autorização formal dos segurados. Uma amostra de 1.300 beneficiários analisada pela CGU revelou que 97% não sabiam da cobrança.

Aposentados enfrentam barreiras para cancelar cobranças

Além do impacto financeiro, a operação expôs a vulnerabilidade dos beneficiários do INSS frente à tecnologia. Cancelar os descontos requer acesso ao aplicativo Meu INSS, envio de documentação e familiaridade com processos digitais — uma realidade distante para muitos idosos com baixa alfabetização digital.

Entidades de defesa do consumidor alertam que essa barreira dificulta a identificação da fraude e o exercício do direito de contestar cobranças.

Falhas de controle e omissão institucional

Especialistas apontam que o INSS falhou em exigir a devida comprovação de autorização para aplicar os descontos associativos. Com mais de seis milhões de beneficiários com esse tipo de débito, é incerto se todos os casos foram realmente autorizados, o que aumenta a suspeita de que milhões possam ter sido vítimas.

A operação mostra que o governo atual está agindo, mas também reforça que o problema foi ignorado por anos. A ausência de um sistema de verificação e a falta de escuta ativa aos aposentados resultaram em um dos maiores escândalos previdenciários da década.

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