Brasília – Quatro dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostas tentativas de golpe, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anunciou o lançamento de sua pré-candidatura à presidência. O evento está agendado para o dia 4 de abril de 2025, em Salvador, e já gerou reações entre os apoiadores de Bolsonaro, que consideraram a ação como “oportunista”.
A relação tensa entre Caiado e Bolsonaro
Embora Caiado busque se posicionar como um candidato da direita e herdar o legado político de Bolsonaro, sua relação com o ex-presidente tem sido marcada por desentendimentos desde 2020. Atualmente, entre os governadores que se colocam como presidenciáveis, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, é quem mais tem conquistado a simpatia de Bolsonaro. Contudo, essa dinâmica pode mudar se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidir entrar na disputa.
Reações do núcleo bolsonarista
A insatisfação dos apoiadores mais fervorosos de Bolsonaro foi expressa pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que criticou Caiado, chamando-o de “amigo próximo do Xandão”, em referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes, frequentemente visto como um adversário do ex-presidente. Gayer também fez menção a ações de Moraes, como a imposição da vacinação infantil contra a COVID-19 e investigações direcionadas a opositores políticos.
Informações sobre o evento de pré-candidatura
O evento de lançamento da pré-candidatura de Caiado ocorrerá no Centro de Convenções de Salvador, que tem capacidade para até 20 mil pessoas. A organização ficará a cargo do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e do prefeito de Salvador, Bruno Reis. Durante a cerimônia, Caiado receberá o título de cidadão honorário da Bahia, uma proposta que foi feita por Reis quando ainda era deputado estadual. Além disso, atrações musicais devem ser anunciadas para animar o evento.
Após o lançamento, Caiado planeja visitar diversas regiões do Brasil. Apesar de ter uma avaliação positiva em Goiás, pesquisas revelam que 68% do eleitorado nacional ainda não o conhece, o que representa um desafio considerável para sua candidatura.
Alianças políticas e o PL
A nova tensão com os bolsonaristas pode afetar as negociações envolvendo o vice e potencial sucessor de Caiado, Daniel Vilela (MDB). Recentemente, Vilela participou de uma reunião com Bolsonaro, mediada pelo vereador de Goiânia e ex-líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo. Essa reunião gerou divisões dentro do PL, levando Vitor Hugo a ser acusado de se aproximar de Caiado e Vilela. O presidente estadual do partido, Wilder Morais, afirmou que o PL teria um candidato ao governo, mas essa declaração foi contestada por Bolsonaro, que insinuou que alianças com outros partidos, como o MDB, ainda eram viáveis.
Em entrevista, Bolsonaro abordou as possíveis alianças e foi claro: “Não pode é (compor) com o PT. O resto, fica à vontade. Se tiver interesse do Caiado, do Wilder, da minha parte, sem problema nenhum”. Vilela também se manifestou, dizendo que está aberto a conversas com o PL, mas que ainda não há um entendimento formal.
A cautela de Ratinho Júnior
Enquanto Caiado avança com sua pré-candidatura, Ratinho Júnior adota uma postura mais reservada. O governador paranaense tinha planos de apresentar um projeto nacional ainda no primeiro semestre, mas decidiu não “queimar a largada”. Essa cautela pode estar relacionada à expectativa de suceder Bolsonaro, caso sua inelegibilidade seja mantida, ou até mesmo de formar uma aliança com a família do ex-presidente, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Recentemente, Bolsonaro elogiou Ratinho, chamando-o de um bom gestor e uma opção viável para a direita.
Com a movimentação política se intensificando, o cenário para as eleições de 2026 se torna cada vez mais dinâmico. O futuro de Caiado, suas desavenças com o bolsonarismo e as estratégias de Ratinho Júnior prometem movimentar o tabuleiro político nacional, levantando questões cruciais sobre as alianças e a viabilidade de cada candidato no cenário eleitoral que se aproxima.
