O influenciador e ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, está em negociação para se filiar ao União Brasil. Confirmada pela CNN e pelo próprio Marçal, a possível entrada do influenciador na legenda, que já conta com quadros de peso no cenário nacional, está dividindo opiniões internas e provoca um novo realinhamento de forças políticas para a corrida de 2026. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, potencial candidato à presidência pelo União Brasil, aparece como um dos nomes que resistem à chegada de Marçal.
A articulação envolvendo Marçal para se filiar ao União Brasil trouxe à tona divisões internas sobre os rumos da legenda, que emergiu como uma das maiores forças do Centrão. Antonio Rueda, presidente do União Brasil, confirmou as conversas com Marçal, mas foi categórico ao afirmar que a prioridade da sigla é a candidatura de Ronaldo Caiado ao Palácio do Planalto. “O candidato a presidente do União é o governador Ronaldo Caiado”, afirmou Rueda, reiterando que a chegada de novas figuras precisa estar alinhada com os interesses nacionais da legenda.
Divisão interna e resistências a Pablo Marçal
A filiação de Marçal encontra resistências em setores influentes do União Brasil, em especial entre líderes que já articulam apoio a Caiado para 2026. Marçal, que ganhou notoriedade nas redes sociais e durante a campanha à prefeitura de São Paulo, tem manifestado interesse em disputar a presidência ou o governo de São Paulo nas próximas eleições. Em um momento de definições estratégicas, sua entrada no partido representa um fator adicional de tensão.
Fontes do União Brasil revelaram que a cúpula vê a chegada de Marçal como uma forma de ampliação do alcance da legenda junto ao eleitorado jovem e urbano, que segue distante das lideranças tradicionais. No entanto, para outras lideranças regionais, o movimento pode enfraquecer a unidade interna e fragmentar o apoio a Caiado, já que Marçal poderia disputar espaço no palanque presidencial, principalmente em estados onde o bolsonarismo ainda tem força, como no Piauí.
Teresina: um palanque dividido para 2026
O impacto das articulações se reflete com particular intensidade no Piauí, onde o recém-eleito prefeito de Teresina, Silvio Mendes, do União Brasil, é aliado de Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e um dos principais defensores de Jair Bolsonaro no Nordeste. Com a chegada de Marçal, as lideranças do União podem enfrentar dilemas sobre quem apoiar. Mendes, que tem apoio de Nogueira, poderá ser pressionado a escolher entre a linha de Bolsonaro, representada pelo Progressistas, e a possível candidatura de Caiado, que lidera o União.
De acordo com fontes ligadas ao Progressistas, Ciro Nogueira teria manifestado preocupação sobre o impacto dessa divisão, já que uma nova aliança com o União Brasil de Caiado poderia afastar uma parcela importante do eleitorado bolsonarista. “Estamos focados em manter a unidade, mas cada nova movimentação exige cautela para evitar que a base se disperse”, afirmou uma pessoa próxima a Nogueira, que preferiu não se identificar.
Caiado mantém silêncio estratégico
Até o momento, Ronaldo Caiado não se pronunciou sobre a possível chegada de Marçal. Político experiente e com um discurso que visa ao crescimento da legenda no centro-direita, Caiado articula apoio em estados estratégicos e busca consolidar uma candidatura que represente o centro político nas eleições de 2026. O silêncio do governador é visto como uma postura estratégica para evitar declarações precipitadas que possam polarizar ainda mais a situação dentro do partido.
Fontes ligadas a Caiado indicaram que o governador pretende se manifestar em breve, mas apenas após consultar líderes de peso na legenda e avaliar o impacto que a entrada de Marçal poderia ter em sua base de apoio. “A prioridade do governador é fortalecer o União e manter a legenda coesa”, afirmou um de seus assessores.
2026: cenário incerto para o União Brasil
A entrada de Marçal no União Brasil adiciona um novo elemento ao cenário político de 2026, que já se desenha disputado e fragmentado. Com o fortalecimento de lideranças locais e a resistência de bases regionais ao avanço de nomes de fora, o União Brasil precisará encontrar uma forma de equilibrar as diferenças internas para não comprometer sua estratégia nacional. A chegada de Marçal pode ser um trunfo para conquistar o eleitorado jovem e urbano, mas também representa um desafio para as lideranças tradicionais do partido, que tentam viabilizar uma candidatura de consenso.
Para além das questões eleitorais, a movimentação indica um cenário em que as alianças e as lealdades estão cada vez mais dispersas. O União Brasil, que nasceu da fusão do DEM e do PSL, se depara com a difícil tarefa de harmonizar diferentes visões e interesses que refletem as mudanças no quadro político brasileiro e que irão moldar os rumos da eleição de 2026.