Brasil, 29 de junho de 2025
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Governo avança com concessões ferroviárias de passageiros no Brasil

Projeto piloto entre Luziânia e Brasília deve ser o primeiro a reativar o transporte ferroviário de passageiros no país

Após anos de promessas e dificuldades, a primeira concessão de ferrovia de transporte de passageiros do Brasil começa a sair do papel. O trecho entre Brasília (DF) e Luziânia (GO) será o primeiro a receber atenção oficial, com estudos finais e consulta pública prevista para este ano, e leilão programado para 2026. Outros projetos importantes, como as ligações ferroviárias entre Salvador e Feira de Santana, na Bahia, e entre Maringá e Londrina, no Paraná, também estão em estágios avançados.

Avanços na concessão de ferrovias de passageiros

Atualmente, apenas duas ferrovias no país atendem ao transporte de passageiros, ambas administradas pela Vale: a Estrada de Ferro Vitória-Minas e a Estrada de Ferro Carajás. Contudo, essas linhas não foram concedidas oficialmente, operando apenas sob contratos de transporte de carga.

Desafios e estratégias para reativar o transporte ferroviário de passageiros

A principal dificuldade para a concessão de ferrovias de passageiros à iniciativa privada reside nos altos custos do modal e na baixa perspectiva de retorno do investimento. “Somente a cobrança de passagens dificilmente cobre os custos”, explica André Paiva, consultor de transporte. Para superar esse desafio, o governo Lula tem buscado estratégias inovadoras, como a utilização de malhas ferroviárias abandonadas ou subutilizadas.

Seis projetos-piloto e o papel do setor público

Com base em estudos do LabTrans, laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina, o Ministério dos Transportes elencou seis projetos-piloto, incluindo trechos de Pelotas a Rio Grande, no Rio Grande do Sul; Fortaleza a Sobral, no Ceará; e São Luís a Itapecuru Mirim, no Maranhão. A seleção considerou fluxo de pessoas, viabilidade econômica e potencial atrativo para investidores.

Apesar da viabilidade econômica, será necessário aporte de recursos públicos. A proposta é realizar operações imobiliárias, integrando terrenos adjacentes às linhas ferroviárias para gerar receitas secundárias com galpões logísticos, prédios comerciais ou moradias. Bancos já demonstraram interesse em apoiar essa estratégia, que visa reduzir o volume de recursos do Tesouro.

Impacto do desenvolvimento ao longo dos trilhos

O desenvolvimento de áreas próximas às linhas ferroviárias pode valorizar imóveis e gerar dividendos para negócios imobiliários, seguindo exemplos internacionais na Inglaterra e Cingapura, onde o crescimento ocorre ao longo dos trilhos.

Segundo André Paiva, a diversificação de receitas por meio de operações imobiliárias é uma estratégia econômica inteligente e pode reduzir a dependência de tarifas e recursos públicos.

Primeiro teste no Centro-Oeste

O projeto piloto previsto para o início será na ligação entre Luziânia (GO) e Brasília (DF), envolvendo dois estados. Essa experiência se justifica pelas particularidades de Brasília, que mantém forte integração com municípios próximos de Goiás.

O transporte público na região apresenta custos elevados e baixa eficiência. A viagem de ônibus, que leva mais de duas horas, custa cerca de R$ 12, com fluxo diário de aproximadamente 20 a 25 mil passageiros. A iniciativa inclui negociações para modernizar o transporte na área, como a implementação do sistema free flow em São Paulo, que deve chegar a 24 rodovias até 2030.

Segundo Pábio Mossoró, secretário do entorno do Distrito Federal do governo de Goiás, existe uma linha de transporte de carga operada pela FCA que está abaixo da capacidade, com possibilidades de devolução da concessão. A proposta é adaptar a malha para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), conectando Luziânia à antiga Rodoferroviária no DF.

Mossoró também informou que há reuniões com o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, para discutir o projeto, que visa melhorar o transporte na região. A atuação de grupos irregulares na área de transporte público é um obstáculo agravante, dificultando a redução de custos e a melhora da qualidade do serviço.

Concessões e o setor privado no transporte ferroviário

O setor privado deve representar cerca de 44% das concessões no Brasil em 2025, impulsionado por uma mudança de cenário e por projetos que envolvem infraestrutura e mobilidade. Goiás e o Distrito Federal já criaram consórcios para administrar o transporte e explorar possíveis subsídios nas tarifas, indicaram autoridades locais.

Especialistas ressaltam que a execução de projetos ferroviários demanda recursos expressivos, com retorno em longo prazo, dificultando a modelagem de concessões para passageiros. No entanto, projetos que utilizam infraestrutura já existente, como trechos regionais, ajudam a acelerar o início das operações e a melhorar a rentabilidade.

Por outro lado, a implementação de iniciativas de real estate — operações imobiliárias integradas às linhas de transporte — exige diálogo com órgãos reguladores de transporte, urbanismo e meio ambiente, representando um desafio ainda incipiente no Brasil.

Perspectivas futuras

O primeiro teste do novo modelo ferroviário deve acontecer em Luziânia, conectando ao Distrito Federal, marcando uma nova fase na mobilidade de passageiros. A iniciativa demonstra o avanço do governo na implementação de concessões inovadoras e na valorização do transporte por ferrovias, buscando diversificar a matriz de mobilidade e incentivar o crescimento econômico na infraestrutura.

Para mais informações, acesse o artigo completo.

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