Em 2017, a cidade de Saquarema, localizada na Região dos Lagos, vivenciou um momento memorável que entrou para a história do surfe brasileiro. Adriano de Souza, carinhosamente conhecido como Mineirinho, surfou com maestria nas ondas de Itaúna. Com autoridade, inteligência e uma conexão rara entre ele, sua prancha e o mar, Mineirinho conquistou a vitória em um evento do Circuito Mundial de Surfe. O campeão mundial de 2015 fez daquela competição um espetáculo que permanece vivo na memória dos fãs do esporte.
A conexão de Mineirinho com o mar
Relembrando sua apresentação, Mineirinho declarou em entrevista ao GLOBO, oito anos depois do feito: “Eu tava 100% conectado com o evento, com as ondas, com a minha prancha. Não deixei nada do externo me abalar.” Suas palavras refletem a intensidade do momento, onde cada manobra parecia estar em perfeita harmonia com o ambiente.
A trajetória para a conquista foi cheia de emoção. Nas semifinais, o brasileiro encarou Yago Dora, um wildcard que surpreendeu ao eliminar grandes nomes, como John John Florence e Gabriel Medina. Mesmo assim, o dia foi de Adriano, que conseguiu sair vitorioso, demonstrando resistência e habilidade.
A bateria final foi um duelo acirrado contra o australiano Adrian Buchan, com resultados que evidenciaram a consistência e a estratégia de Mineirinho. Com um escore apertado de 17,63 a 17,23, ele garantiu mais um título a seu nome, reafirmando seu talento no surfe.
Uma vitória dedicada a um amigo
O que tornou essa vitória ainda mais especial foi a dedicação a Ricardo dos Santos, amigo de Adriano que faleceu em 2015. “Senti a presença dele lá fora. Era como se ele estivesse torcendo por nós”, comentou o surfista, revelando a profundidade emocional que permeou o evento. Essa relação íntima com o esporte e com aqueles que amamos adiciona uma camada de significado às conquistas no surfe.
Retorno à Saquarema e novos desafios
Em junho de 2025, a WSL (World Surf League) retorna a Saquarema, trazendo de volta as memórias daquela conquista. Agora, Adriano de Souza não estará mais competindo. Atuando como treinador de Alejo Muniz e Miguel Pupo, ele se prepara para ver a cidade que o acolheu em um novo contexto.
A conexão de Mineirinho com Saquarema vai além das ondas. “Só o Brasil tem esse calor humano. A entrada na areia, o apoio na saída, aquela energia que você sente… é o que nos faz ir além. Em nenhum outro lugar do mundo isso acontece”, afirmou Adriano. Essas palavras ressaltam o valor da cultura do surfe no Brasil e como a comunidade e as emoções jogam um papel vital no desempenho dos atletas.
A serenidade de um campeão
Falando sobre seu presente, Mineirinho demonstra a serenidade de alguém que aprendeu a lidar com os altos e baixos da vida de competidor. “O treino depende do que o dia oferece. A gente se adapta ao mar, ao adversário, ao momento. Não dá pra planejar. É uma atmosfera que só dá pra sentir na hora”, explicou ele, evidenciando a imprevisibilidade que vem com o surfe. Essa filosofia reflete não apenas uma abordagem para o esporte, mas uma forma de olhar para a vida.
Com a expectativa do retorno da WSL, as lembranças de sua conquista e a paixão pelo surfe continuam a ressoar. Mineirinho representa mais do que um campeão; ele é um símbolo de conexão, superação e da rica cultura que o surfe traz ao Brasil. A história de Adriano de Souza, o Mineirinho, é um testamento de que o surfe é uma arte de emoções e desafios, forever embedded in the waves of Saquarema.