Durante as décadas de 1930 a 1960, Hollywood foi rigidamente controlada pelo Código Hays, um conjunto de diretrizes que proibiam qualquer conteúdo considerado sexualmente “inadequado”. Diante dessas restrições, cineastas precisaram ser extremamente criativos para inserir temas LGBTQ+ de forma subliminar ou insegura, muitas vezes quase levando suas obras à censura ou banimento.
Filmes de Hollywood antigo com detalhes quase imperceptíveis de temática gay
Rebel Without a Cause (1955)
Estrelado por James Dean, símbolo do verão da juventude, o filme trouxe um personagem bisexual cheio de energia. Originalmente, seu roteiro previa um beijo entre Dean e o personagem Plato, um dos primeiros adolescentes LGBTQ+ na telona, mas o Hays Code proibiu esta cena. Ainda assim, a obra é carregada de tensão romântica, sensualidade e uma química irresistível entre o elenco.
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All About Eve (1950)
Considerado um clássico com 14 indicações ao Oscar, o filme mostra a trama de uma atriz envelhecida e uma jovem ambiciosa. Nos detalhes, há muitos nuances queer, especialmente na relação tensa entre as personagens, incluindo uma cena de Marilyn Monroe em seu início de carreira. Para muitos, é uma das obras mais sofisticadas e sutilmente LGBTQ+ de Hollywood.
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Homicidal (1961)
Percebendo as fronteiras do que era permitido, este suspense de terror apresentou uma reviravolta assustadora, com elementos que sugerem relações homoeróticas e uma atmosfera tensa. Seu clímax, tão forte, foi precedido por uma “pausa de susto” de 45 segundos, uma inovação que mostra a ousadia do período.
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Tea and Sympathy (1956)
Relata a história sensível de um estudante bullyado por ser sensível, que encontra conforto numa professora mais velha. A delicadeza na narrativa, além de temas delicados, possui várias pistas sutis de atração e conexão mais profunda, que, à época, quase escaparam à censura.
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Compulsion (1959)
Baseado em um caso real, acompanha dois jovens ricos e secretamente LGBTQ+ que planejam um assassinato para provar sua inteligência. Os subtis sinais de sua orientação sexual reforçam a tensão emocional, mesmo com o foco no suspense policial.
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Rope (1948)
Numa adaptação de peça teatral, Hitchcock conta a história de dois jovens assassinos que realizam um crime e fazem um jantar após esconder o corpo. O filme, filmado em um único plano sequência, aumenta a sensação de desconforto, sugerindo relações homoeróticas entre os protagonistas.
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Edge of the City (1957)
Drama urbano que retrata a amizade intensa entre dois homens, interpretados por John Cassavetes e Sidney Poitier. Com forte carregamento de subtextos queer, o filme desafia as normas de sua época e é considerado uma obra futura de resistência emocional.
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The Children’s Hour (1961)
Estrelado por Audrey Hepburn e Shirley MacLaine, o filme gira em torno de duas professoras acusadas de serem lésbicas por uma aluna maliciosa. Apesar de ser baseado na peça de Lillian Hellman, o conteúdo sublinhado de orientações alternativas foi quase censurado na época.
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Purple Noon (1960)
Adaptação do livro “The Talented Mr. Ripley”, este filme francês exala sedução e suspense, acompanhado por uma química gay não explicita entre os protagonistas. Se gostou de sua versão americana, precisa conferir esta obra mais ousada.
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Strangers on a Train (1951)
Outro clássico de Hitchcock, mostra dois homens que trocam vítimas para assassinato, com fortes sinais de atração entre eles. O ator Farley Granger destaca-se pela presença marcante, que beira a sedução subentendida.
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Suddenly, Last Summer (1959)
Sobre uma herdeira que tenta silenciar um segredo perturbador, o filme lida com temas de sexualidade reprimida e homicídio. Katharine Hepburn e Elizabeth Taylor entregam performances que carregam subtextos LGBTQ+, mesmo sob censura.
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The Hitch-Hiker (1953)
Mostra dois amigos masculinos sequestrados por um caminhoneiro. O filme explora o medo da homossexualidade (“homoerotic panic”) e os papéis tradicionais de gênero, numa atmosfera de tensão e perigo.
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The Servant (1963)
Drama psicológico de Richard L. Blinn, aborda desejos reprimidos e uma relação de dominação entre empregado e patrão. É uma obra cheia de simbolismos e tensões homoeróticas implícitas.
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Victim (1961)
Pioneiro ao tratar explicitamente de homossexualidade na cinema britânico, conta a história de um advogado gay que é chantageado. Foi um marco na luta por representação na mídia.
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Advise & Consent (1962)
Drama político onde um senador homossexual é chantageado na CBS. Sua história evidencia a repressão e os segredos de figuras públicas na época.
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The Haunting (1963)
Um clássico de terror com uma personagem feminina queer implícita, que desafia os estereótipos da época. Uma obra que combina suspense e subtextos LGBTQ+.
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Rebecca (1940)
O único filme de Hitchcock a ganhar Melhor Filme, apresenta Mrs. Danvers, cuja obsessão pela falecida Rebecca transmite uma forte carga de amor não correspondido e desejos ocultos.
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Exploração de uma história secreta e ousada do cinema clássico
Esses filmes mostram que, sob as restrições da censura, há uma camada profunda de significado e resistência. Mesmo que muitas dessas obras tenham quase sido banidas, elas permanecem como exemplos poderosos da criatividade e da liberdade de expressão diante de uma sociedade conservadora.
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