Os papas Bento XVI, Francisco e Leo XIV recomendaram publicamente o livro “Lord of the World”, de Robert Hugh Benson, como leitura relevante para compreender os desafios da sociedade atual, marcada pelo avanço do secularismo e pela perda de referências espirituais.
Uma obra que inspira reflexões sobre o futuro
Escrito em 1907, “Lord of the World” é uma ficção científica distópica que retrata uma sociedade que rejeita Deus, dominada pelo materialismo, relativismo e controle estatal. Benson, inicialmente anglicano que se converteu ao catolicismo, apresenta uma crítica social severa às tendências do Ocidente, alertando para o perigo de uma sociedade sem fé.
O autor propõe uma visão onde forças de materialismo secular triunfam, trazendo consequências apocalípticas, incluindo a chegada de um Anticristo carismático que promove ideais destrutivos para a civilização. A obra é considerada uma previsão profunda do que poderia acontecer se a humanidade se afastar de Deus.
Reconhecimento e recomendações de líderes da Igreja
O futuro Papa Bento XVI, então Cardeal Joseph Ratzinger, mencionou o livro durante uma palestra na Universidade Católica de Milão, em 1992, afirmando que a obra “oferece bastante material para reflexão”.
Papa Francisco também manifestou sua admiração pelo livro. Durante uma viagem a Budapeste, em 2023, ele explicou que a obra “mostra que a complexidade mecânica não é sinônimo de verdadeira grandeza” e que “no exterior mais ostentoso, está escondida a insidiosidade mais sutil”. Para o pontífice argentino, o livro é “profético” ao descrever uma sociedade dominada pela tecnologia e padronizada, na qual tudo é uniformizado em nome do progresso.

Sociedade de homogenização e perda de identidades
Francisco destacou que, na narrativa do livro, todas as diferenças são eliminadas, com ideologias opostas se fundindo em uma homogeneização que resulta em “colonização ideológica”. Segundo ele, na obra, “todo mundo parece apático e sem energia, e a prática da eutanásia, além da supressão de línguas e culturas, é apresentada como uma solução para uma paz universal”.
O papa ressaltou ainda que essa paz imposta acaba por se transformar em uma opressão, na qual uma espécie de “vitalidade perversa” corrompe e confunde tudo, refletindo uma sociedade controlada por um sistema que suprime a liberdade e a diversidade.
Recomendações e reflexões na trajetória da Igreja
Além de Francisco, Cardeal Robert Prevost, que futuramente seria eleito Papa Leo XIV, também recomendou a leitura em entrevista ao grupo dos Augustinianos de Roma. Ele afirmou que o livro trata de “um possível futuro do mundo se perdemos a fé”, destacando o seu valor para reflexão sobre a relação do ser humano com Deus.
Prevost destacou que os predecessores dele também citaram a obra, que oferece uma importante reflexão sobre os desafios contemporâneos e a necessidade de manter viva a fé diante de um mundo cada vez mais secularizado.
Importância do livro para a fé e a sociedade
Segundo a publicação original do CNA, o livro continua relevante para promover um debate sobre o papel da fé na sociedade atual, alertando para os perigos de uma ideologia que busca eliminar diferenças culturais, religiosas e filosóficas em nome de uma suposta paz universal.
O próprio Papa Francisco destacou que a obra serve como um aviso sobre um futuro onde a humanidade, dominada pela tecnologia e pela ausência de Deus, corre riscos de perder sua essência humana e espiritual.
Para aqueles interessados em aprofundar seu entendimento, a leitura de “Lord of the World” é incentivada por líderes religiosos que veem na obra uma ferramenta de reflexão sobre os caminhos do mundo moderno e a importância de manter viva a fé.
Este, portanto, é um livro que atravessa o tempo, trazendo lições que são úteis para o presente e de grande valor para o futuro da civilização.