Brasil, 28 de junho de 2025
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Ponte levada por enchente deixa comunidades rurais do RS isoladas

Comunidades rurais no Rio Grande do Sul clamam por ponte há um ano após enchente devastadora e sofrem com dificuldades de acesso.

As comunidades rurais de Sítio dos Melos, Sítio Alto e Santos Anjos, localizadas em Faxinal do Soturno, e também em Ivorá, no Rio Grande do Sul, enfrentam uma realidade alarmante há mais de um ano. Desde que a ponte do Km 32 da ERS-348 foi levada pelas enchentes de maio de 2024, a região ficou isolada. Recentemente, o estado gaúcho foi novamente atingido por inundações, intensificando a já precária situação destas localidades.

Importância da ponte para as comunidades

A ponte que se tornou irreparável há um ano era o único acesso entre os dois municípios da zona central do Rio Grande do Sul, sendo vital para a obtenção de serviços essenciais. As comunidades, compostas por pequenos agricultores, dependem da ponte não só para escoar a sua produção, mas também para acessar saúde, educação e outros serviços básicos.

Alceu Barchet, um dos moradores mais antigos de Sítio dos Melos, lembra a luta diária pela sobrevivência: “Colocamos um barco nosso para fazer a travessia, porque dependíamos do acesso para buscar remédios, roupa, comida.” A rotina transformou-se numa verdadeira travessia, uma vez que o Exército instalou uma ponte provisória que era retirada toda vez que havia previsão de chuva, o que mantinha as comunidades sem acesso às necessidades básicas.

As consequências da enchente de 2024

  • A maior enchente já registrada no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024 deixou 183 mortes e 27 desaparecidos.
  • Mais de 800 mil gaúchos foram diretamente afetados, com 484 municípios impactados pelas águas.
  • A destruição atingiu casas, comércios e rodovias, paralisando atividades essenciais.

Comunicando a insatisfação e a necessidade de ação, os moradores, em um ato simbólico no domingo (22/6), reuniram-se às margens do rio onde a nova ponte deveria ser construída, trazendo balões, cartazes e um bolo para marcar um ano sem a travessia. “Queremos mostrar às autoridades nossa dependência dessa travessia. É urgente”, enfatiza Alceu.

A luta contínua por melhorias

As dificuldades aumentam quando as condições climáticas se tornam desfavoráveis. Laura Meneghetti, de 8 anos, depende dessa ponte para ir à escola. Sua mãe, Liza Meneghetti, relata que a educação da filha é comprometida pela falta de acesso, obrigando-as a atravessar dois rios em uma rota alternativa. “O acesso está horrível. Precisamos atravessar dois rios, o que torna tudo muito complicado, e as crianças ficaram vários dias sem aula por causa das chuvas,” lamenta.

A situação se torna ainda mais crítica ao se considerar que a falta de acesso impede também que ambulâncias cheguem aos moradores. “Já houve casos em que pessoas tiveram que ser carregadas de caçamba até onde podiam encontrar uma ambulância,” explica a professora Jeruza Bulegon. “E muitas vezes, o percurso entre Ivorá e Faxinal do Soturno se estende por mais de 50 km, complicando ainda mais a situação de emergência.”

Previsões preocupantes e a resposta do governo estadual

Após um novo período de chuvas intensas que traz de volta os temores das inundações anteriores, os agricultores da região estão sendo acometidos por novas dificuldades. Alceu declara que a cheia recente prejudicou mais ainda a produção agrícola, comprometendo as lavouras que se encontram em áreas inundadas. “Vamos depender de máquinas pesadas para restaurar nossas pequenas lavouras, mas como chegarão sem estrada?,” questiona Alceu.

A situação impossibilita o acesso por rotas alternativas, já que o desvio feito pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) não oferece melhores condições e está intransitável. A expectativa de um novo projeto de ponte se projeta para o futuro distante, com obras programadas apenas para o segundo semestre de 2025, e conclusão prevista para o final de 2026, conforme informações do Daer.

O investimento anunciado é de R$ 11,7 milhões, e a estrutura terá uma extensão de 120 metros, sendo 2,5 metros mais alta que a anterior. No entanto, a lentidão na implementação das soluções gerou frustração e desconfiança entre os moradores, que clamam por atenção imediata.

Conclusão: necessidade urgente de intervenção

A vida nas comunidades rurais de Sítio dos Melos e Ivorá é um retrato da luta pela sobrevivência. A reconstrução da ponte do Km 32 da ERS-348 é mais do que uma questão de infraestrutura; é uma necessidade urgente para a preservação da vida, saúde e bem-estar dos moradores. Sem a travessia, o futuro dessas comunidades permanece incerto diante das intempéries climáticas e da inação governamental.

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