Brasil, 28 de junho de 2025
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Polêmica em torno de Tyler Perry: processo revela alegações de assédio

Derek Dixon processa Tyler Perry por assédio sexual, trazendo à tona questões sobre a cultura de trabalho em seu estúdio.

O recente processo de $260 milhões movido por Derek Dixon contra Tyler Perry levanta sérias alegações de assédio sexual, agressão e baterias – afirmações que o mogul de entretenimento de Atlanta descreveu como uma tentativa de extorsão. Porém, os detalhes sensacionais do caso podem ofuscar uma reivindicação mais comum presente na ação, de que Perry está operando seu estúdio sem as devidas proteções típicas no ambiente de trabalho.

O fato e suas implicações

Dixon alega que não denunciou Perry após ser supostamente prensado contra a parede e assediado por ele, porque não tinha conhecimento de uma equipe de recursos humanos na instalação. Independentemente da validade dessa afirmação, há há muito dúvidas sobre o relacionamento de Perry com seus empregados e a cultura de trabalho estabelecida em seu estúdio.

O Tyler Perry Studios (TPS), um terreno de 330 acres em uma antiga base do exército confederado, foi inaugurado em 2019 como um marco na criatividade e propriedade negra em cinema e televisão. Com uma dúzia de estúdios nomeados em homenagem a ícones do entretenimento africano-americano, como Sidney Poitier e Cicely Tyson, a inauguração contou com a presença de grandes personalidades, incluindo Oprah Winfrey e Denzel Washington. Durante o evento, Viola Davis descreveu a ocasião como “um momento histórico”, destacando a importância do controle artístico na vida dos artistas negros.

Cultura de trabalho controversa

Apesar do sucesso de sua trajetória de vida e da influencia cultural que exerce, Perry é visto com ceticismo em alguns setores da indústria. A temporada final da série FX, Atlanta, ofereceu uma crítica mordaz à sua reputação, retratando um personagem, “Mr. Chocolate”, que é uma versão caricatural de Perry, como um personagem sinistro. Essa crítica foi amplamente discutida na mídia e nas redes sociais, com Perry respondendo de maneira ríspida em seus próprios trabalhos.

Além disso, programas como The Boondocks abordaram diretamente a notoriedade de Perry, mencionando alegações de assédio sexual de atores envolvidos em suas produções. Na ação de Dixon, ele também alega que Perry esperava favores sexuais em troca de papéis em produções, incluindo The Oval, um de seus projetos bem conhecidos.

Histórico de questões trabalhistas

Perry, membro do Directors Guild, tem um histórico controverso no que tange às normas da indústria. Em 2008, o Writers Guild processou-o por prática trabalhista injusta após a demissão de metade de sua equipe de redação em House of Payne, alegadamente por sua atividade sindical, levando a uma carta aberta assinada por nomes de destaque da televisão.

No ano seguinte, Perry se envolveu em um conflito com a Actors’ Equity ao não assinar contrato com o sindicato para sua peça Madea on the Run e ao escalar atores não sindicalizados. Além de processos relacionados ao ambiente de trabalho, Perry enfrentou várias alegações de infração de direitos autorais e uso inadequado de obras sem os devidos créditos.

Impacto da era digital e produção rápida

Com o avanço tecnológico, Perry projeta uma contração da sua força de trabalho. Recentemente, ele decidiu adiar um projeto de expansão de $800 milhões em seus estúdios devido ao impacto que a inteligência artificial deve ter sobre as necessidades de produção. Sua abordagem de produção é notoriamente rápida e, por isso, exige uma intensidade de trabalho que alguns membros da equipe consideram “insana”.

Kate Fortmueller, professora da Universidade Estadual da Geórgia, comenta sobre a operação do estúdio de Perry, ressaltando que ele está em uma posição privilegiada onde faz o que quer. Com uma atmosfera auto-suficiente, TPS é conhecido por ser uma “universo fechado” em Atlanta, que não necessariamente conecta seus profissionais a maiores produções da indústria.

Conforme as alegações de Dixon ganham notoriedade, a expectativa é que o caso coloque em evidência não apenas as questões de assédio, mas também o funcionamento interno da máquina de produção singular de Perry. Se nada mais, a intensa cobertura midiática proporcionará um exame mais crítico de sua influência na indústria de entretenimento e as práticas que ele emprega em seus estúdios.

Colaboração de Katie Kilkenny na reportagem.

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