O União Brasil está prestes a realizar uma convenção no dia 9 de julho para formalizar sua federação com o Partido Progressistas (PP) em Brasília, criando assim o maior bloco partidário do Congresso Nacional. No entanto, em São Paulo, a disputa sobre quem irá liderar essa federação ainda não está resolvida, gerando tensões dentro da aliança. Milton Leite, ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, afirmou haver um “acordo nacional” para que ele ocupe a presidência da federação no estado, uma declaração que foi prontamente rejeitada pelo deputado federal Maurício Neves, atual presidente do diretório do PP em São Paulo.
Conflito sobre a liderança da federação
O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, comentou a situação ao GLOBO, reforçando a ideia de que “nada está decidido em São Paulo” e que o comando da federação ficará, inicialmente, sob a tutela do diretório nacional do partido. Nessa sexta-feira, Leite foi homenageado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. Ele confirmou que pretendia continuar como presidente do diretório municipal da União Brasil, enquanto seu filho, Alexandre Leite, ocupa o cargo de presidente do diretório estadual. No entanto, não pretende se candidatar a nenhum cargo nas eleições de 2024.
Durante sua fala na tribuna da Alesp, Leite enfatizou que a presidência da federação, que será oficializada na convenção, era um assunto já acordado. “O compromisso é elegermos grandes bancadas, tanto no PP quanto no União Brasil”, afirmou, indicando que isso aumentaria a responsabilidade que ele sente. Logo após, reforçou essa ideia ao conversar com jornalistas, apontando que já há um consenso nacional entre os partidos.
A resposta do Partido Progressistas
Em um pronunciamento oficial, o deputado Maurício Neves expressou sua surpresa e estranheza em relação às declarações de Leite. Ele afirmou que a questão da presidência da federação em São Paulo já havia sido amplamente discutida e que, conforme estipulado, não haverá um presidente estadual para a federação. Neves deixou claro que, em caso de divergências sobre posicionamentos no estado, a decisão final caberá à direção nacional. “Minha atuação sempre foi pautada pelo diálogo e pela construção de consensos”, destacou.
O clima de incerteza permanece, especialmente quando se considera que divergências em relação ao comando da federação foram manifestas esse ano, quando Neves havia previamente anunciado que comandaria a federação em São Paulo. Essas disputas internas evidenciam a fragilidade do acordo entre os partidos e indicam que a federação pode iniciar com algumas dificuldades.
Perspectivas para as eleições de 2026
Após a cerimônia de homenagem na Alesp, Leite também foi questionado sobre a posição do União para as eleições de 2026. Ele indicou que o cenário está em constante evolução e que o partido “aguardará uma melhor definição” para determinar seu posicionamento, o que inclui a expectativa sobre a reeleição do governador Tarcísio de Freitas ou até mesmo uma candidatura ao governo federal. “O União quer espaço, governar, participar e, se possível, compor com alguns nomes para a chapa majoritária”, afirmou.
Leite ainda deixou claro que não vê chances do partido apoiar a reeleição de Lula (PT), embora a sigla mantenha ministérios no governo atual. “Eu vejo um caminho centro-direita e oposição com a aliança que estamos formando”, concluiu, sugerindo que, caso Tarcísio se coloque como candidato à presidência, ele teria forte apoio da direção do União Brasil.
Com isso, as disputas internas na federação entre o União Brasil e o PP não só refletem as tensões políticas atuais, como também podem moldar o cenário político no Brasil nos próximos anos. A expectativa é que a convenção no dia 9 de julho, em Brasília, possa esclarecer algumas das incertezas, mas é evidente que as questões de liderança e futuras alianças continuarão sendo debatidas intensamente ao longo dos próximos meses.