Brasil, 27 de junho de 2025
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Bispos de Angola alertam para crise social durante celebração religiosa

Durante a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, bispos de Angola destacaram a urgência em resolver a pobreza extrema e a desnutrição.

No último dia 22 de junho, a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo em Angola foi marcada por preocupações profundas sobre a grave situação social enfrentada por muitas famílias no país. A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) utilizou este momento religioso para lançar um apelo urgente à sociedade e ao governo sobre os desafios que afetam a dignidade do povo angolano.

Desnutrição e empobrecimento: uma crise alarmante

Os bispos sinalizaram que a combinação de empobrecimento extremo, desnutrição e fragilização dos vínculos familiares está perpetuando ciclos de pobreza em Angola. De acordo com dados do Programa Alimentar Mundial, cerca de 1 em cada 10 crianças com menos de 5 anos no país sofre de desnutrição crônica, uma das taxas mais alarmantes do mundo. Essa situação não só afeta a saúde das crianças, mas também a estrutura social das comunidades, prejudicando o desenvolvimento de gerações futuras.

A voz dos líderes religiosos

Dom Maurício Camuto, da Diocese de Caxito, expressou sua preocupação ao criticar os constantes relatos de desvios de recursos públicos, afirmando que essas práticas estão contribuindo para o empobrecimento ainda maior da população. Ele declarou que é uma afronta à dignidade angolana ver recursos que poderiam melhorar a vida das pessoas sendo desviados para interesses pessoais.

Além disso, Dom Zeferino Zeca Martins, arcebispo do Huambo, enfatizou a conexão entre a fome e a busca por justiça, afirmando que a falta de acesso adequado a alimentos e direitos básicos é um fator que automaticamente diminui a dignidade das pessoas. “Não podemos falar de uma sociedade justa enquanto muitos ainda passam fome”, salientou o arcebispo.

A educação como solução

Outro ponto crucial levantado pelos bispos foi a falência do sistema educacional. Dom Belmiro Chissengueti, bispo de Cabinda, criticou a realidade de aldeias onde, mesmo após 50 anos de independência, existem pessoas que ainda não sabem ler. Ele enfatizou a educação como uma prioridade e um pilar essencial para o desenvolvimento social e econômico do país.

Programas do governo para enfrentar a pobreza

Para lidar com esses e outros desafios, o governo angolano anunciou a expansão do programa Kwenda, uma iniciativa de transferência monetária que visa combater a pobreza extrema e oferecer suporte às famílias mais vulneráveis. Lançado inicialmente em 2021, o programa passou a beneficiar mais famílias. A meta é aumentar de 1 milhão para 2,5 milhões de famílias abrangidas até 2026, concentrando esforços principalmente em áreas rurais e nas províncias mais afetadas pela pobreza, como Cuando Cubango, Moxico e Cunene.

A decisão de ampliar o alcance do programa surge em resposta ao agravamento das condições econômicas e da crise social no país. Contudo, os líderes religiosos enfatizam que, apesar dessas iniciativas, é fundamental que haja uma abordagem integrada, que combine a assistência financeira com o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, além de um fortalecimento do tecido comunitário.

A luta por dignidade e esperança

Os apelos feitos durante a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo não são apenas um grito de socorro, mas também um convite à reflexão. Líderes religiosos e sociais pedem união na luta contra a pobreza e a desnutrição, destacando que a dignidade do povo angolano deve ser prioritária. A transformação dessa realidade exige um esforço coletivo, onde cada ator da sociedade se responsabilize pela construção de um futuro melhor.

As preocupações manifestadas pelos bispos durante esta solenidade são um lembrete de que a fé e a solidariedade podem e devem se traduzir em ações concretas. Para que a esperança renasça em Angola, é essencial que todos, desde o governo até as comunidades locais, trabalhem juntos por um amanhã melhor.

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