Flamengo e Bayern de Munique, os clubes mais ricos de seus respectivos países, se enfrentam neste domingo às 17h, em um embate que promete emocionar os torcedores. Embora ambos ostentem uma capacidade de investimentos em reforços e estrutura superior à de seus concorrentes no Brasil e na Alemanha, a distancia financeira entre eles é notável. O Bayern figura como o 5º maior do mundo em receita, enquanto o Flamengo ocupa a 30ª posição, segundo a consultoria Deloitte.
A diferença de orçamentos: Flamengo vs Bayern
Apesar de ter o maior orçamento do Campeonato Brasileiro na última década, o Flamengo ainda não se iguala ao “papa-títulos” Bayern. Este último se distancia de seus rivais, principalmente por seu poderio financeiro, enquanto o time carioca enfrenta desafios maiores para se manter no topo. Para 2024, o Flamengo apresentou um orçamento superior a R$1 bilhão, alcançando uma receita bruta histórica de R$1,3 bilhão. Entretanto, a dívida líquida operacional aumentou, principalmente devido a altos investimentos na compra de jogadores e na aquisição do terreno do Gasômetro, onde planeja construir seu futuro estádio.
Os dados financeiros do Flamengo são impressionantes, com receitas oriundas de diversas fontes. Os direitos de transmissão renderam R$595,5 milhões, enquanto os patrocínios contribuíram com R$322,5 milhões. Além disso, o clube também arrecadou R$118 milhões com bilheteria e R$78 milhões através do programa de sócio-torcedor, totalizando um valor considerável. Os negócios no mercado de transferências também geraram R$107 milhões.
Comparação de receitas e estrutura de gestão
O Bayern, por sua vez, obteve uma receita de 951,5 milhões de euros (aproximadamente R$5,3 bilhões) na temporada 2023/24, representando quase cinco vezes a arrecadação do Flamengo e gerando 43 milhões de euros de lucro líquido. Ao incorporar receitas dos times feminino e de basquete, o faturamento do Bayern ultrapassa até mesmo 1 bilhão de euros, fortalecendo a sua posição como um dos clubes mais ricos do mundo.
Assim como o Flamengo, o Bayern também possui suas principais fontes de receita focadas em direitos de transmissão, patrocínios e bilheteria. No entanto, os patrocínios superam as receitas de transmissão, destacando a importância dos acordos firmados com empresas parceiras, como o Allianz. Isso representa uma diferenciação significativa em relação ao modelo de negócios do clube rubronegro, que é mais dependente da audiência massiva e dos direitos televisivos.
De acordo com Cesar Grafietti, economista e especialista em finanças do esporte, “a comparação entre os clubes só se dá por conta do ranking de receitas locais, onde ambos são os primeiros. A partir daí, as realidades são diferentes.” Ele explica que a dominância financeira do Bayern é muito mais acentuada na Alemanha do que a do Flamengo no Brasil, já que suas receitas comerciais são aproximadamente 50% maiores que as do segundo clube em arrecadação na Alemanha. Em contraste, a diferença do Flamengo em relação ao Palmeiras e Corinthians é de apenas 20%.
Desafios e potencial de crescimento no Brasil
Thales Rangel Mafia, gerente de marketing da Multimarcas Consórcios, ressalta a diversificação das receitas do Bayern como uma vantagem. O clube alemão se beneficia de patrocínios consistentes e de um desempenho robusto nas competições europeias, enquanto o Flamengo ainda depende fortemente das receitas de bilheteria, sócio-torcedor e direitos de TV. O modelo do Bayern se mostra mais sustentável e sólido em nível global, visto que o clube prioriza a retenção de talentos, em contraste com o Flamengo, que explora o mercado de transferências de forma mais agressiva.
Cesar Grafietti aponta que “não há grande mobilidade de receitas na Alemanha, onde os clubes atingiram seus volumes máximos possíveis”, ao passo que “no Brasil, a indústria ainda está se transformando.” Isso pode oferecer oportunidades para que outros clubes brasileiros aumentem suas receitas e, assim, encurtar a distância em relação ao Flamengo.
Com isso, prevê-se que mesmo que o Flamengo continue como líder em receitas no Brasil, outros clubes possam reduzir essa distância, ao passo que a indústria esportiva no país avança. “Provavelmente ninguém ultrapassará o rubro-negro, mas a distância pode diminuir. Na Alemanha, o 4º ou 5º maior clube em receitas continuará estagnado”, conclui Grafietti.
Os próximos jogos e o desempenho financeiro dessas equipes prometerão ser um termômetro para os torcedores e para o mercado, refletindo a realidade do futebol em um contexto cada vez mais competitivo.