A Igreja da Inglaterra está se preparando para um possível conflito armado e elaborando planos para apoiar a nação durante um “conflito sério” que envolva o Reino Unido. O bispo das Forças Armadas, Right Rev Hugh Nelson, fez declarações sobre a crescente preocupação entre os militares em relação a um potencial conflito nos últimos dois anos.
Preocupações crescentes sobre conflitos
O bispo Nelson mencionou que, ao visitar diferentes estabelecimentos militares, percebeu um aumento nas preocupações em relação à possibilidade de um conflito direto envolvendo o Reino Unido. “Desde que comecei a viajar e conversar com os militares, a sensação de uma ameaça de um conflito muito sério aumentou”, disse ele. Apesar de enfatizar a importância de trabalhar por paz, ele frisa a necessidade de estar preparado para crises.
Inspiração em experiências passadas
O bispo afirmou que a Igreja se inspirará na liderança proporcionada pelos arcebispos e bispos durante a Segunda Guerra Mundial. Ele mencionou que a capelania militar, uma tradição que data de 1796, possui uma rica experiência em prestar serviço tanto aos membros das forças armadas quanto à Igreja em tempos de guerra.
No entanto, Nelson também destacou a necessidade de aprender com as lições da pandemia de Covid-19, reconhecendo que a falta de preparação foi um desafio significativo. “Não queremos estar na mesma situação em que estávamos durante a pandemia, onde sabíamos que algo poderia acontecer e não estávamos preparados”, afirmou.
Preparação das paróquias
Como parte dos novos planos, as paróquias da Igreja receberão uma variedade de recursos destinados a ajudá-las a funcionar como “uma igreja em tempos de conflito”. Esse suporte será apresentado ao Sínodo Geral da Igreja em York no próximo mês. As igrejas devem considerar a criação de espaços especiais para reflexão e oração para atender àqueles que possam estar ansiosos quanto a possíveis guerras.
Além disso, será fundamental que as congregações trabalhem com escolas para abordar questões de paz, guerra e conflito, preparando as crianças para essa realidade.
Desafios administrativos para os capelães
Existem atualmente cerca de 200 capelães da Igreja da Inglaterra servindo nas Forças Armadas e, ao longo dos últimos 18 meses, descobriram que sua mobilidade estava restrita devido a uma legislação de 1868 que não foi apropriadamente aprovada. Isso exigiu que os capelães solicitassem permissão especial para atuar a cada nova base.
A Igreja da Inglaterra planeja estabelecer uma nova legislação que permitirá aos arcebispos de Canterbury conceder licenças válidas para capelães que atuam em unidades militares em todo o país, embora a permissão local ainda seja necessária para servir em igrejas paroquiais.
Olhando para o futuro
O bispo Nelson se mostra otimista em relação a esses novos passos, ressaltando a importância de estar preparado. “Enquanto trabalhamos pela paz, devemos também considerar o que significa ser uma igreja em tempos de conflito elevado”, afirma um documento que será apresentado ao Sínodo. A Igreja reconhece que, embora um conflito envolvendo diretamente o Reino Unido não seja um risco imediato, a experiência da pandemia revelou os perigos de estar despreparado para uma crise nacional.
Num desdobramento notável, o Brigadier Jaish Mahan, um membro ativo das forças armadas, foi convidado para falar aos membros do sínodo na reunião em York, destacando a crescente colaboração entre a Igreja e as Forças Armadas.
Ao considerar a história e as lições do passado, a Igreja da Inglaterra se prepara para enfrentar os desafios do futuro, apostando na capelania militar como uma ponte vital em tempos incertos.