A recente instabilidade política entre o governo e o Congresso Nacional tem refletido nas relações entre a base aliada. Após uma série de derrotas significativas na Câmara dos Deputados, os integrantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva começam a admitir a falta de argumentos para sustentar uma aliança futura com o petista nas eleições de 2026.
Descontentamento com a articulação política
O clima de tensão atingiu seu ápice na última quarta-feira, quando o governo teve um de seus decretos mais importantes, que previa o aumento do Imposto sobre Transações Financeiras (IOF), derrubado pelos parlamentares. Este episódio acentuou as vulnerabilidades nas relações entre o Planalto e o Congresso, deixando os membros do MDB inquietos.
Políticos alinhados a Lula expressam preocupação com a fragilidade que permeia a interação do governo com partidos do centro. Um dos deputados do MDB, Eunício Oliveira, enfatiza que a falta de uma relação sólida entre os ministros, especialmente o da Fazenda e o da Casa Civil, compromete significativamente as negociações. “Política é relacionamento e, no momento, a interlocução com a Casa está deficitária”, ressalta.
Futuro do apoio do MDB a Lula
Aliados do presidente acreditam que, atualmente, as chances do MDB apoiar um candidato de direita que tenha boas perspectivas de vitória, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, são maiores do que a possibilidade da legenda optar por Lula. Essa percepção é reforçada por figuras influentes dentro do MDB, como o ex-presidente Michel Temer e o atual presidente do partido, Baleia Rossi.
Apesar do desencanto em relação ao futuro eleitoral de Lula, os integrantes do MDB estão mais cautelosos ao discutir a saída de seus representantes dos ministérios. Ao contrário de outras siglas, como a União e o PP, que já estão se preparando para deixar o governo, o MDB parece disposto a aguardar até abril de 2024, quando os filiados deverão se afastar de cargos públicos para concorrer às próximas eleições.
Expectativas para a articulação política
Os emedebistas estão cientes de que o governo parece distante da realidade ao pensar que apenas preencher os ministérios com membros de seu próprio partido sustentará uma base sólida no Congresso. Vários parlamentares sugerem que a inclusão dos ministros de partidos do centro nas articulações políticas pode ser uma estratégia mais eficaz.
O deputado Hildo Rocha comenta que “existe fragilidade” nas relações atuais e que é fundamental que o governo envolva os ministros nas articulações políticas. “Ainda há chance de o MDB apoiar Lula, mas isso dependerá muito das articulações que o presidente fizer nos próximos meses,” afirma Rocha, destacando que é necessário começar um trabalho já voltado para a reeleição.
Conclusão: O que esperar de Lula e do MDB?
Com a deterioração da relação entre o governo e o Congresso, o futuro do MDB em relação ao apoio a Lula em 2026 permanece incerto. A proximidade das eleições aumenta a pressão sobre o governo para que revitalize suas articulações políticas, especialmente com o MDB, um dos partidos centrais na formação de uma base sólida de apoio. Se tais mudanças não ocorrerem, é possível que o partido busque novos aliados com mais chances de vitória nas próximas eleições, refletindo a constante dinâmica de poder dentro da política brasileira.