Um estudo realizado pela organização ambiental Transport & Environment (T&E), em parceria com a Universidade de Loughborough, na Inglaterra, aponta que SUVs e veículos com altos níveis de elevação apresentam maior risco de acidentes para pedestres, especialmente crianças. A pesquisa revela que a visibilidade do motorista é significativamente comprometida nesses modelos, aumentando o perigo no trânsito urbano.
Maior altura do capô e o perigo para pedestres
De acordo com o estudo, veículos como o RAM TRX e o Land Rover Defender possuem o capô com altura acima de 115 centímetros, o que torna difícil a percepção de obstáculos ou pessoas na frente do carro. Uma criança pequena parada em frente a esses modelos fica completamente fora do campo de visão do motorista, mesmo com sistemas avançados de assistência, como câmeras e radares.
Enquanto veículos menores, como o Volkswagen Golf, têm capôs com aproximadamente 75 centímetros de altura, oferecendo maior visibilidade para o motorista, os veículos altos criam uma zone de risco, principalmente ao fazer curvas ou sair de garagem, aumenta a possibilidade de acidentes.
Impacto na segurança infantil
O estudo salienta que, das 430 crianças mortas anualmente em acidentes na Europa, cerca de um terço são pedestres, com grande parte ocorrendo em ambientes urbanos e a baixas velocidades. Os veículos de maior altura dificultam a percepção de pedestres vulneráveis, aumentando o risco de colisões.
A análise também mostra que, desde 2010, a altura média do capô dos veículos vendidos na União Europeia, Reino Unido e Noruega aumentou de 76,9 cm para 83,8 cm, projeção que indica uma tendência preocupante para o futuro. Caso a média seja mantida, essa altura chegaria a 92 cm até 2040, com mais de 50% dos carros novos sendo SUVs até 2024.
Regulação e propostas para melhorar a segurança
Para mitigar os riscos, a Transport & Environment propõe limites para a altura do capô, como a implantação de um teto máximo de 85 centímetros para veículos novos a partir de 2035. Além disso, há recomendações para incluir esses critérios em inspeções e revisões regulamentares, com o objetivo de reduzir acidentes e proteger pedestres, sobretudo crianças.
Especialistas também defendem a implementação de testes específicos de visibilidade que considerem o campo de visão do motorista, além de sistemas que detectem obstáculos na frente do veículo. A Euro NCAP, por exemplo, avalia atualmente a segurança passiva, mas reconhece a necessidade de aprimorar análises relacionadas à visibilidade.
Perspectivas futuras
As organizações afirmam que a adoção de novos protocolos regulatórios é fundamental até 2027, para que o setor se adapte às novas exigências até 2035. A revisão dessas normas deve levar em conta também o espaço público nas grandes cidades, onde a convivência entre veículos altos e pedestres é particularmente delicada.
Com a crescente preferência por SUVs na Europa e no Brasil, essa discussão torna-se central para garantir segurança viária e reduzir tragédias relacionadas a acidentes com pedestres mais vulneráveis.
Para mais informações, acesse o estudo completo.
