Em Alabama, a esposa de um imigrante iraniano detido pelo ICE nos Estados Unidos relata surpresa e tristeza após apoiar as políticas migratórias de Donald Trump, acreditando na narrativa de combate a criminosos. Ribvar Karimi, marido de Morgan Gardner, foi acusado de ter servido como atirador de elite no exército iraniano e de representar risco à segurança nacional, sendo preso durante uma operação de captura de iranianos no último domingo.
Detenção de iraniano suscita questionamentos sobre política de imigração
Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), as detenções fazem parte de uma estratégia de “manter terroristas fora das comunidades americanas”. Karimi, que entrou legalmente nos EUA com um visto de casamento em outubro de 2024, é apontado pelo DHS como uma ameaça potencial devido à sua suposta ligação com o exército iraniano, onde serviu de 2018 a 2021.
Apesar das acusações, Gardner afirma que seu marido nunca lutou contra forças americanas ou seus aliados, e que combateu o Estado Islâmico na Síria, tendo sido capturado em combate. Ela também destaca uma disparidade na narrativa das autoridades, já que seu marido não desertou nem tentou evitar o serviço militar obrigatório, uma prática comum no Irã, onde o serviço militar é compulsório para homens entre 18 e 49 anos.
Casamento e relacionamento reforçam vínculo com os EUA
O casal se conheceu online, jogando Call of Duty: Mobile, e se casou em uma cerimônia realizada na internet. Gardner diz que Ribvar trouxe felicidade e segurança para sua vida, reforçando seu laço emocional e seu desejo de estar ao lado dele na chegada do primeiro filho, que está prestes a nascer.
De acordo com um site dedicado ao casal, eles enfrentaram uma árdua trajetória migratória, incluindo uma difícil fase de espera na Turquia antes de chegar aos Estados Unidos. A família de Gardner apoia a união e destaca o papel importante de Ribvar na comunidade local, ajudando em momentos de crise familiar e mostrando comprometimento com sua nova vida.
Questões legais e preocupações familiares
Karimi entrou nos EUA legalmente com um visto K-1, reservado para noivos de americanos, mas não formalizou seu status após o casamento, o que pode ter contribuído para sua detenção, segundo advogados. Gardner afirma que a administração atual poderia ter protegido seu marido, como já aconteceu anteriormente, e que a situação é especialmente difícil devido à gravidez de sete meses dela, com complicações na gestação.
Ela expressa preocupação de que, caso deportado para o Irã, Ribvar corra risco de vida devido ao seu posicionamento contra o regime iraniano e por seu apoio às políticas de Trump, que seu marido via como uma tentativa de proteger a população americana e libertar o Irã.
Reações e perspectivas futuras
A família e a própria Gardner sentem-se traídas pelo que consideram uma mudança abrupta na política de imigração sob a atual administração, que teria dificultado a proteção de indivíduos que, como Ribvar, contribuíram para suas comunidades.
Enquanto aguarda a definição do processo de imigração, Gardner mantém a esperança de que seu marido esteja ao seu lado na maternidade, sonhando com o momento de receber o bebê e superar essa crise juntos.
Este caso levanta debates sobre as políticas de deportação, o tratamento a imigrantes com vínculos militares e o impacto emocional sobre famílias que acreditaram nas promessas de uma administração anterior e agora enfrentam a separação.