Com a realização da COP30 marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o Brasil se prepara para assumir um papel central no debate climático global. A poucos meses do evento, que reunirá lideranças internacionais para discutir a crise climática, vozes da política, ciência e sociedade civil já apontam os caminhos para um protagonismo que vá além da diplomacia e se traduza em soluções concretas — com a Amazônia no centro das decisões e não somente como cenário.
O papel da Amazônia nas discussões climáticas
Participaram do debate, promovido pelo Metrópoles e Ponto de Mudança, nomes centrais da agenda ambiental brasileira, como Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, e Ana Toni, CEO da COP30 e secretária nacional de Mudança do Clima. O evento serviu como plataforma para discutir os desafios e as oportunidades que cercam a conferência.
Além de Guajajara e Toni, o encontro contou com a presença de outros especialistas, como o climatologista Carlos Nobre e representantes de importantes organizações, todos integrando um time focado em preparar o Brasil para a COP30 com propostas concretas e uma liderança global na pauta climática.
COP30: uma oportunidade histórica
A ministra Sônia Guajajara destacou a importância da conferência para garantir compromissos reais em prol da defesa ambiental. “Estamos trabalhando intensamente para podermos sair deste encontro com ações concretas”, afirmou ela, enfatizando o protagonismo indígena na formulação de propostas. Iniciativas como o programa Pintar e Catu foram mencionadas como passos significativos para a inclusão dos povos originários nas decisões sobre orçamento público.
A CEO Ana Toni afirmou que a COP30 representa uma “oportunidade histórica” para o Brasil reposicionar-se no cenário global. “Não é apenas um dever formal — é a chance de mostrar que o Brasil pode ser um provedor de soluções climáticas”, assegurou.
Temas centrais à mesa: desmatamento, biodiversidade e financiamento verde
Fabio Cruz, Head de ESG e Risco Climático da XP Inc., abordou a relevância da conferência para garantir que o Brasil coloque seus interesses na mesa. Para ele, três temas devem ser prioritários: o combate ao desmatamento, a valorização econômica da biodiversidade e o fortalecimento do financiamento verde.
A secretária-adjunta de Bioeconomia do Pará, Camille Bemerguy, reforçou a visão de que a Amazônia deve ser mais que um mero pano de fundo na COP30, traduzindo-se em um papel protagonista. “A floresta deve falar por si”, ressaltou, sublinhando a importância de construir um novo pacto ambiental que esteja verdadeiramente conectado à realidade local.
O projeto Arco da Restauração
O renomado climatologista Carlos Nobre alertou para a urgência de ações efetivas, destacando que a Amazônia enfrenta um desmatamento crescente, onde 90% é ilegal. Desde os anos 1970, cerca de 860 mil quilômetros quadrados foram desmatados, formando o que é conhecido como “arco do desmatamento”. Nobre apresentou o projeto Arco da Restauração, lançado pelo BNDES na COP28, com a meta ambiciosa de restaurar 24 milhões de hectares até 2050, sendo 6 milhões até 2030.
“O custo é alto, mas o potencial de transformação é maior. E o mais importante: o projeto já começou”, disse Nobre.
Com a aproximação da COP30, o Brasil busca não só sediar um evento climático, mas ocupar uma posição de liderança no debate global sobre meio ambiente, conforme a Amazônia se torna cada vez mais central nas discussões sobre desenvolvimento sustentável e preservação ambiental.
O evento representará uma oportunidade única para o Brasil demonstrar seu compromisso com a proteção do meio ambiente e o fortalecimento das vozes indígenas e regionais. A expectativa é que, com propostas concretas, o país se apresente como um modelo de soluções climáticas, promovendo um diálogo mais profundo sobre as responsabilidades globais em relação à crise climática.