Brasil, 27 de junho de 2025
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Década de Obergefell: impacto cultural e debates atuais sobre o casamento homoafetivo

Decorridos dez anos da decisão da Suprema Corte dos EUA que legalizou o casamento gay, discussões sobre direitos religiosos e tradicionais continuam acaloradas

A Suprema Corte dos Estados Unidos, em 26 de junho de 2015, decidiu por unanimidade que todos os estados deveriam reconhecer e realizar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo — uma mudança que provocou profundas transformações culturais no país.

O contexto e a transformação posterior ao Obergefell

Na ocasião, apenas 16 estados tinham leis que oficializavam o união civil de pessoas do mesmo sexo, embora a prática fosse já comum em outros estados devido a decisões judiciais contrárias às proibições estaduais. Desde então, o apoio público à união gay cresceu significativamente, chegando a cerca de 70% em 2025, segundo pesquisas recentes.

Porém, esse avanço encontra resistência em setores religiosos e conservadores, que argumentam que a decisão compromete liberdades de expressão e de religião, além de afetar conceitos tradicionais de família. Como exemplifica o advogado cristão Jack Phillips, que venceu processos judiciais ao se recusar a produzir bolos para casamentos de mesmo sexo ou celebrações de transição de gênero, essas batalhas continuam frequentes.

Desafios legais e contrapontos culturais

O movimento de defesa de direitos tem se chocado frequentemente com grupos que defendem a liberdade religiosa e os valores tradicionais. Nos estados de Colorado, Vermont, Oregon e Califórnia, por exemplo, inúmeros processos judiciais tiveram como alvo profissionais que se recusaram a participar de cerimônias consideradas contrárias às suas crenças.

Atualmente, o Supremo Tribunal avalia um caso em Maryland, onde pais tentam impedir que suas crianças participem de aulas que promovem ideologia de gênero, refletindo o impacto social da decisão de 2015. Além disso, questões envolvendo o acesso de indivíduos trans a espaços privados, esportes femininos e políticas escolares vêm à tona na disputa entre os direitos civis e as liberdades religiosas.

Percepção pública e o papel da narrativa cultural

Apesar do apoio maioritário à união civil entre pessoas do mesmo sexo, pesquisas recentes indicam uma tendência de leve retração, especialmente entre eleitores republicanos e jovens. Especialistas como Mary Rice Hasson afirmam que o crescimento do movimento trans e a exposição a excessos durante eventos como as paradas do orgulho podem estar influenciando essa mudança.

Para ativistas pró-família, a decisão de 2015 impulsionou uma “revolução nos padrões sociais”, dificultando a defesa de conceitos tradicionais de sexualidade e identidade de gênero. Arthur Schaper, do grupo MassResistance, alerta sobre a amplificação de políticas que promovem a ideologia de gênero e que, na visão dele, representam uma ameaça às estruturas sociais convencionais.

Perspectivas futuras e possíveis reviravoltas jurídicas

Embora alguns defensores de uma revisão da decisão do Obergefell considerem que o tribunal ainda possa reavaliar o caso, a atual composição do Supremo é vista como improvável de reverter a legislação. Diversos estados já enviaram resoluções pedindo uma reconsideração, mas a maioria dessas iniciativas não avançou.

Especialistas argumentam que o debate sobre a legalidade e os limites dessas normas continuará, e que a luta entre liberdade religiosa e direitos civis deverá persistir nos próximos anos, marcando um esforço de resistência de setores tradicionais frente às mudanças socioculturais.

Visões religiosas e o posicionamento da Igreja Católica

Apesar do alcance cultural da decisão, a Doutrina Católica mantém sua posição contrária ao reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Dados do Pew Research de 2024 mostram que cerca de 70% dos católicos nos EUA apoiam a legalização, uma proporção superior à média da população.

Julia Dezelski, representante do Episcopado, reforça que a Igreja busca mostrar que o amor entre pessoas com atração por pessoas do mesmo sexo deve ser acolhido sem que isso comprometa a visão da união como entre um homem e uma mulher, destinada à procriação e à realização plena da natureza humana.

Para ela, os desafios atuais representam uma oportunidade de reforçar a mensagem de que a proposta de Deus para o matrimônio permanece relevante e fundamental para a sociedade.

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