Depois de uma reunião classificada com altos integrantes da administração Trump nesta quinta-feira, os senadores continuam divididos quanto à efetividade dos bombardeios realizados no fim de semana contra instalações nucleares iranianas, enquanto alguns democratas questionaram as alegações de sucesso total do governo.
Insatisfação com o relato do governo sobre os ataques na questão nuclear
Embora o presidente Donald Trump tenha afirmado que as operações “totalmente destruíram” o programa nuclear do Irã, vários senadores democratas disseram que as avaliações classificadas obtidas indicam um impacto mais limitado, que atrasaria o avanço iraniano por meses e não anos.
“Não há dúvida de que houve danos ao programa, mas as alegações de que o destruímos completamente não parecem fundamentadas”, afirmou o senador Chris Murphy, democrata de Connecticut. “Na minha avaliação, conseguimos apenas atrasar alguns meses o programa nuclear iraniano.”
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, de Nova York, acrescentou: “Não houve uma estratégia coesa, nem um plano final, nem uma visão clara de como o Irã não obterá uma arma nuclear”.
Ele destacou ainda: “O presidente Trump disse que o estoque nuclear foi completamente obliterado. Não recebi uma resposta satisfatória sobre isso.”
Visões mais otimistas entre os republicanos após a reunião privada
Por outro lado, os senadores republicanos saíram mais confiantes. Tom Cotton, do Arkansas, afirmou que o ataque representou um “golpe significativo”, destacando supostos danos catastróficos às centrífugas, instalações de conversão de urânio e bunkers subterrâneos. Lindsey Graham, de Santa Catarina, afirmou que o Irã “nunca esteve tão vulnerável”, embora tenha advertido que a missão não seja o fim da ação.
“Não quero que o povo americano pense que isso acabou”, afirmou Graham. “Ainda há muito a fazer até que o regime mude sua atitude e comportamento.”
A reunião com oficiais de inteligência e militares mostra uma divisão de opiniões
O briefing, liderado pelo diretor da CIA, John Ratcliffe, pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, ocorreu cinco dias após ataques aéreos realizados por bombardeiros B-2, em conjunto com Israel, contra três importantes alvos nucleares iranianos, incluindo a instalação de Fordo, localizada sob uma montanha.
Trump descreveu a ação como uma vitória histórica, justificada como “autodefesa coletiva” de Israel e defesa de interesses dos Estados Unidos. Contudo, avaliações preliminares de inteligência, vazadas ao CNN e ao The New York Times, sugerem um atraso de poucos meses no programa nuclear iraniano, não sua eliminação total, como afirmou o presidente.
Autoridades do governo americano criticaram duramente o vazamento, prometendo restringir o acesso às informações confidenciais e reforçar o controle sobre os sistemas de inteligência.
Perspectivas futuras em meio à tensão nuclear
Analistas avaliam que a divisão de opiniões entre os legisladores reflete a complexidade da questão e a dificuldade de verificar os efeitos exatos das ações militares. O governo iraniano ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes indicam que o programa nuclear continua em andamento, apesar do impacto inicial.
Especialistas alertam que, mesmo com danos temporários, a persistência do programa iraniano pode gerar novas tensões no Oriente Médio e aumentar a polarização interna nos Estados Unidos, enquanto o debate sobre eventual nova intervenção militar deve permanecer aceso.