As contas do Governo Central fecharam maio com um déficit primário de R$ 40,621 bilhões, uma redução de 36,2% após ajuste pela inflação em relação ao mesmo mês de 2024, que registrou R$ 60,4 bilhões de déficit. Apesar do resultado negativo, a cifra veio melhor que o esperado pelo mercado, que previa um déficit de R$ 62,2 bilhões, segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada pelo Ministério da Fazenda.
Resultado financeiro reforça superávit acumulado no ano
Enquanto o saldo de maio ficou negativo, o resultado do acumulado do ano no Governo Central mostra um superávit primário de R$ 32,2 bilhões, o melhor para o período desde 2022. Em 2024, havia registrado déficit de R$ 28,7 bilhões nos cinco primeiros meses. O resultado positivo ocorre apesar do pagamento de R$ 70 bilhões em precatórios previsto para julho, parte do esforço do governo em honrar dívidas judiciais.
Receitas em alta e despesas controladas impulsionam saldo anual
Na comparação com maio do ano passado, as receitas líquidas do governo cresceram 10,2% em valores nominais, com alta de 4,7% após descontada a inflação, impulsionadas pela arrecadação recorde de maio, conforme dados publicados pela Agência Brasil. As receitas administradas, relativas ao pagamento de tributos, tiveram aumento de 4,7%, enquanto receitas não administrativas, como dividendos de estatais e concessões, apresentaram recuo de 2,4%, influenciadas por quedas nos pagamentos de dividendos e receitas de concessões, compensadas parcialmente por um aumento de 11,9% nos royalties de petróleo devido à desvalorização cambial.
Por outro lado, as despesas do governo apresentaram redução de 2,7% em relação a maio do ano passado, descontada a inflação, principalmente por conta da menor despesa com o benefício de prestação continuada (BPC) e gastos com saúde, que caíram R$ 1,7 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente, refletindo, entre outros fatores, a antecipação de aposentadorias na crise do Rio Grande do Sul.
Investimentos e o cenário de volatilidade
Nos primeiros cinco meses do ano, os investimentos em obras públicas e aquisição de equipamentos totalizaram R$ 22,4 bilhões, representando uma queda de 16,9% em relação ao mesmo período de 2024, ajustado pelo IPCA. Essa volatilidade reflete o ritmo variável das obras públicas, atribuído pelo Tesouro a dificuldades na execução de projetos de infraestrutura.
Perspectivas e desafios fiscais
Segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, a previsão orçamentária para 2025 indica um déficit primário de R$ 97 bilhões ao considerar todas as despesas, inclusive precatórios. No entanto, o marco fiscal estabelece uma meta de déficit de até R$ 31 bilhões, excluindo R$ 45,3 bilhões referentes aos precatórios, o que demonstra o compromisso do governo em manter o equilíbrio fiscal dentro do limite estabelecido.
Analistas do mercado avaliam que o resultado de maio demonstra avanços na contenção de despesas e na arrecadação, mas alertam para os desafios na gestão das dívidas judiciais e nos investimentos públicos, essenciais para o crescimento sustentável da economia brasileira.
Para mais detalhes, acesse o Relatório da Agência Brasil.