Brasil, 26 de junho de 2025
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Estudo revela cafeína e paracetamol em peixes do litoral de SP

Pesquisa da Unisanta aponta contaminação por medicamentos em peixes na Baixada Santista, com implicações para saúde humana.

Um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Santa Cecília (Unisanta) trouxe à tona informações preocupantes sobre a saúde ambiental do litoral paulista. A pesquisa revelou a presença de paracetamol e cafeína nos tecidos de peixes capturados nas cidades de Santos e Guarujá, uma descoberta que pode ter profundas implicações tanto para a fauna marinha quanto para a saúde humana.

A pesquisa e suas descobertas

A análise envolveu o fígado e a musculatura de cinco espécies de peixes amplamente consumidos na região: o bagre-amarelo (Cathorops spixii), o bagre-marinho (Genidens genidens), o bagre-bandeira (Bagre marinus), a oveva (Larimus breviceps) e a sardinha (Pellona harroweri). Os peixes foram coletados em renomadas praias da Baixada Santista, área onde a pesca artesanal é uma tradição. A pesquisa foi motivada pela escassez de estudos anteriores sobre a contaminação por medicamentos e entorpecentes em peixes marinhos no estado de São Paulo, frequentemente poluídos por esgoto doméstico.

Além do paracetamol e cafeína, os pesquisadores também identificaram outros compostos com potencial farmacológico, como a furosemida, um diurético, e cocaína, juntamente com a benzoilecgonina, um metabolito da cocaína, que é liberado através da urina humana. Essa presença alarmante de substâncias farmacológicas aponta para a forte influência da poluição por esgoto e o consumo humano de drogas na saúde dos ecossistemas marinhos.

Impacto sobre a saúde humana

Os resultados da pesquisa levantam questões sérias sobre o consumo desses peixes contaminados. A professora Luciana Lopes Guimarães, especialista em Ecologia e um dos envolvidos na pesquisa, expressou preocupação com os riscos potenciais à saúde pública. “Estamos lidando com a ingestão contínua de substâncias farmacológicas ativas através de um alimento amplamente consumido”, afirmou.

Os pesquisadores compreendem que, embora ainda não existam dados conclusivos sobre os efeitos dessas substâncias na saúde humana, é necessário um monitoramento mais rigoroso da contaminação nos ambientes costeiros. “Este trabalho pode marcar o início de novos estudos que analisem o impacto da combinação dessas substâncias nos organismos marinhos e na saúde das pessoas que consomem esses peixes”, completou Luciana.

Métodos e análises

Os peixes foram transportados para o laboratório em condições refrigeradas e, em seguida, submetidos a uma rigorosa análise através da cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS/MS), uma técnica altamente precisa para detecção de compostos em concentrações mínimas. Assim, os pesquisadores conseguiram identificar a presença de paracetamol, que foi encontrado exclusivamente no músculo do bagre-amarelo, enquanto a cafeína esteve em maior concentração no bagre-bandeira, indicando a gravidade da situação na região costeira.

Perspectivas futuras

A pesquisa foi publicada na revista científica internacional Regional Studies in Marine Science e teve a colaboração de laboratórios especializados. Os autores planejam expandir os estudos para outras regiões do litoral brasileiro, com o intuito de fortalecer o monitoramento ambiental e fomentar discussões sobre controle de poluentes nas costas do país.

Diante dessas descobertas, é evidente que a interconexão entre a saúde ambiental e pública deve ser constantemente abordada e o combate à poluição nos oceanos precisa ser intensificado. A conscientização da população e o engajamento em políticas públicas são essenciais para garantir um futuro saudável para os ecossistemas marinhos e para todos aqueles que dependem deles.

Concluindo, a pesquisa da Unisanta não apenas revela um cenário alarmante, mas também serve como um chamado à ação para que a sociedade comece a discutir e abordar o problema da poluição dos nossos mares, principalmente quando se trata da segurança alimentar da população brasileira.

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