A consultoria Accenture destacou que, se o Brasil implementar a inteligência artificial (IA) de forma eficiente, o país pode acrescentar US$ 429 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) até 2038. A projeção leva em conta a adoção progressiva da tecnologia e a qualificação da mão de obra ao longo de 10 anos, ressaltando a importância do preparo dos profissionais para alcançar esse potencial de crescimento.
Impacto da IA na economia brasileira e latino-americana
Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (27), a adoção da IA poderia elevar em até US$ 1 trilhão o PIB da América Latina na melhor projeção. Para isso, o relatório considerou três cenários distintos de implementação, levando em conta automação, migração de tarefas e reorganização do trabalho até 2038, com o Brasil destacando-se como a maior economia da região com potencial de maior ganho absoluto.
Cenários de adoção e suas implicações
No cenário mais otimista, denominado “centrado em pessoas”, o crescimento ocorre com uma implantação gradual e estratégias de requalificação da força de trabalho, reduzindo o impacto social de desemprego. Já o cenário “agressivo”, com rápida implementação em cinco anos, apresenta ganhos mais modestos, de cerca de US$ 200 bilhões, principalmente devido à maior automatização e menor foco na capacitação de profissionais.
Desafios e oportunidades para o setor privado
O estudo aponta que o Brasil ocupa a 11ª posição no ranking mundial de investimentos privados em IA, com aproximadamente US$ 1,1 bilhão aportados em 2024, principalmente na indústria financeira. No entanto, permanece na posição intermediária em relação à implementação e inovação na tecnologia na América Latina, que responde por apenas 3% dos gastos globais com IA.
De acordo com Daniel Lázaro, líder de Dados e IA da Accenture na América Latina, o maior potencial de ganhos está relacionado a setores que lidam com grande volume de dados, como seguros, software, mídia e bancos. Ele destacou que os resultados mais positivos só serão alcançados se o Brasil investir consistentemente em capacitação, pois o sucesso da inovação depende do preparo da força de trabalho.
Setores mais afetados e perspectivas de produtividade
O relatório estima que até 39% das horas de trabalho no Brasil possam ser impactadas pela IA até 2038, incluindo automação e otimização de processos. Os setores que mais se beneficiariam são os que já lidam com atividades digitais e volumosas de dados, enquanto áreas como mineração e construção civil devem experimentar efeitos menores no curto prazo.
Nos mercados de capitais, por exemplo, 46% das horas trabalhadas poderiam ser aprimoradas com IA, e 27% poderiam ser automatizadas. Em contraste, a indústria de bens de consumo teria potencial de impacto de 11% em produtividade e 14% de automação.
Perspectivas futuras e importância do investimento em qualificação
Conforme o estudo, setores como seguros, software e bancos apresentam maior potencial de ganhos de produtividade, alinhando-se ao perfil de atividades altamente digitais. O crescimento da produtividade no Brasil, que atualmente apresenta estagnação na última década, poderia atingir entre 11% e 17% nos próximos treze anos com adoção eficaz da IA.
Daniel Lázaro reforça que comprar tecnologias de ponta não basta — é fundamental investir na preparação das pessoas e estruturar processos para transformar potencial em resultados concretos. “A distância entre ter a capacidade de fazer e gerar resultados está em preparar as pessoas e estruturar processos”, afirmou.
O estudo conclui que o cenário de maior impacto para o Brasil depende de uma estratégia de longo prazo, que privilegie a reorganização do trabalho e o desenvolvimento de competências, em um ciclo de implementação gradual, apoiando o crescimento sustentável e o aumento da competitividade do país.
Para mais detalhes, acesse o estudo completo da Accenture.