Brasil, 26 de junho de 2025
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Guilherme Boulos, futuro ministro, lança ataque cultural ao iFood

O deputado Boulos utiliza narrativas para se aproximar de entregadores e criticar a gigante do delivery.

Na corrida pela defesa dos direitos dos trabalhadores de aplicativos, especialmente os entregadores, Guilherme Boulos, deputado pelo PSOL e futuro ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, faz movimentos estratégicos. Boulos, que já anunciou um acordo com Lula para assumir um cargo no governo assim que Edinho Silva, presidente do PT, reassumir o comando do partido, tem centrado sua atuação em um público que o governo federal busca entender melhor e apoiar: os entregadores de aplicativos.

O foco na classe trabalhadora e a crítica ao iFood

Com um vídeo provocativo de mais de seis minutos, intitulado “O que você não sabe sobre o iFood – Não dá tempo de explicar no TikTok”, Boulos tem chamado atenção nas redes sociais, principalmente em grupos de WhatsApp. O vídeo tenta reverter a imagem do deputado, que no passado buscou um tom mais moderado em uma das suas campanhas, devolvendo-o às suas raízes de uma narrativa mais progressista. Nele, Boulos apresenta uma visão sombria do crescimento da gigante do delivery e as condições dos trabalhadores que a servem.

Uma guerra cultural e reivindicações trabalhistas

Durante a primeira parte do vídeo, Boulos discute os lucros astronômicos do iFood, que declarou uma receita de R$ 7 bilhões em 2023, enquanto o aumento recebido pelos entregadores após paralisações foi apenas de R$ 1. A falácia de uma empresa que cresce à custa da exploração de seus colaboradores é uma mensagem central do deputado: “Essa é a realidade hoje. Uma empresa com receitas que crescem com ritmo acelerado de um lado, e de outro lado o crescimento da exploração aos trabalhadores”, afirma ele.

Boulos não se limita a discursos tradicionais. Ele apresentou um projeto de lei que visa estabelecer uma remuneração mínima de R$ 10 por entrega feita por profissionais do setor. Essa ação, em conjunto com o discurso cultural, está alinhada com uma estratégia mais ampla para mobilizar os trabalhadores de aplicativos e a classe média que se identifica com suas lutas.

A narrativa nacionalista e críticas ao controle estrangeiro

No segundo bloco de seu vídeo, Boulos adota um tom nacionalista, contestando a propaganda do iFood que afirma ser uma empresa brasileira. Ele argumenta que a empresa, apesar de ter sido fundada no Brasil, é controlada por um conglomerado sul-africano, a Prosus, o que lança uma sombra sobre a ideia de que se trata de uma companhia realmente nacional. Boulos menciona que 54% das ações da Prosus controladas são da Naspers, um grupo com histórico associado ao apartheid.

Essa estrutura de controle, segundo Boulos, é um símbolo de como empresas brasileiras perdem seu comando para interesses estrangeiros, algo que ele classifica de forma pejorativa. “O iFood apesar de ter sido criado aqui não é mais controlado pelos brasileiros. Sequer pelos holandeses. É por esse mega grupo sul-africano que tem relações históricas com o apartheid”, conclui, criando um elo com outras críticas sociais que emergem na atualidade.

O governo e a estratégia frente aos entregadores de aplicativos

A emulação do discurso de Boulos é acompanhada por movimentações do governo que buscam uma conexão real com a classe trabalhadora. Ao mesmo tempo em que a proposta de contribuição dos trabalhadores do setor de aplicativos ao INSS falhou, o governo está discutindo a criação de linhas de crédito especiais para motoristas de aplicativos, fazendo da questão um ponto de atenção em sua agenda política.

Dados recentes revelaram que 59% dos brasileiros preferem trabalhar por conta própria a aceitar um emprego formal, o que torna a dinâmica dos trabalhadores de aplicativos um ponto crucial para a política do governo e as ações de Boulos. Como parte de sua estratégia, o deputado insere um discurso que foca nas necessidades dos entregadores e aponta as soluções que podem ser criadas para abordar essas demandas.

Conclusão: O papel de Boulos na nova política

Em seu papel de futuro ministro, Guilherme Boulos está se posicionando como uma figura de conexão entre o governo e a classe trabalhadora. Suas críticas ao iFood e suas propostas voltadas para os entregadores são reflexo de uma nova narrativa política que pode moldar a agenda do governo Lula e as questões trabalhistas no Brasil.

A capacidade de Boulos de articular esse discurso, enquanto se prepara para assumir um papel importante na política portuguesa, será um ponto a ser observado nas próximas movimentações do governo, que claramente busca fortalecer sua conexão e relevância entre as classes menos favorecidas do Brasil.

Aguardemos, portanto, como essa guerra cultural e política se desenrolará nos próximos meses, e como as estruturas de poder e controle podem causar mudanças significativas na vida dos trabalhadores brasileiros.

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