O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta quarta-feira (26) que o governo ainda não foi informado oficialmente sobre a tentativa de colocar na pauta da Casa a discussão que pode derrubar a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Guimarães reconheceu a possibilidade de uma derrota do governo na votação e alertou que essa decisão terá impacto direto no orçamento, incluindo o bloqueio de emendas parlamentares.
Crise na relação entre governo e Congresso sobre o IOF
Guimarães explicou que, apesar do esforço para manter o diálogo, houve uma quebra na comunicação entre os poderes. “Não fomos informados oficialmente pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, sobre a colocação na pauta, mas sabemos que há maioria no Congresso para derrubar o aumento do IOF”, afirmou o líder do governo. Ele destacou que, caso isso aconteça, o governo será obrigado a realizar cortes em áreas essenciais e no orçamento de emendas parlamentares, que atualmente somam cerca de R$ 9,8 bilhões, segundo declaração de Gleisi Hoffmann, presidente do PT.
Posição do governo e perspectivas futuras
Guimarães reforçou que a aprovação do novo arcabouço fiscal é fundamental para manter o equilíbrio das contas públicas e que o ministro Fernando Haddad trabalha para zerar o déficit dentro das regras fiscais. “Se o Congresso decidir barrar essa medida, teremos que adotar outras ações duras, mas necessárias, para garantir o compromisso com a responsabilidade fiscal e social”, afirmou. O líder do PT afirmou ainda que o governo não recuará na defesa do seu programa e que a prioridade é a justiça fiscal.
Críticas ao acesso desigual aos privilégios fiscais
Durante a entrevista, Guimarães criticou os privilégios que dificultam a arrecadação de impostos no país. “Desde 1889, os donos do capital resistem a pagar impostos. Hoje, há cerca de R$ 1,7 trilhão aplicados no mercado financeiro, sem pagar tributos, além das renúncias fiscais que totalizam R$ 800 bilhões — o equivalente a 4,8% do PIB”, destacou. Ele afirmou que essas questões justificam a necessidade de medidas como o aumento do IOF para promover uma distribuição mais justa de renda.
Reação às pressões contrárias
Guimarães também afirmou que o debate em torno do IOF revela o enfrentamento de privilégios antigos e a busca por justiça fiscal. “Nosso governo foi eleito com um programa que precisa ser executado. Impedir sua implementação é um estelionato eleitoral”, reforçou. Ele criticou a narrativa de que o governo é “cobrador de impostos”, destacando que suas ações visam combater a sonegação e garantir recursos para programas sociais e inclusão.
O líder do PT destacou que a tendência é de votação contrária ao reajuste do IOF, mas o governo permanecerá firme na defesa de suas políticas fiscais, mesmo que precise fazer ajustes em outras áreas para manter o equilíbrio financeiro do país.
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