Há exatos 30 anos, no dia 25 de junho de 1995, o Fluminense fez história ao vencer o Flamengo por 3 a 2, em uma partida memorável no Estádio do Maracanã, que teve 112.285 pagantes e 120.418 presentes. Esse confronto, que ocorreu na última rodada do octogonal final do Campeonato Carioca, consagrou o tricolor como campeão. Com uma vantagem de 2 a 0 no primeiro tempo, o Fluminense enfrentou a reação do rival, que conseguiu empatar. No entanto, aos 41 minutos, após uma jogada de Ailton, Renato Gaúcho marcou o famoso gol de barriga, garantindo a vitória e o título ao time das Laranjeiras. Em uma entrevista à FluTV, o ex-atacante e atual treinador do Fluminense compartilhou suas lembranças e algumas situações da campanha vitoriosa daquele Estadual.
O momento inesquecível no Maracanã
Renato Gaúcho começou relembrando a tensão que sentiu na véspera do jogo decisivo. “Lembro que treinamentos na véspera do jogo nas Laranjeiras. Entrei no gramado sozinho, sentei no meio-campo, isso me faz arrepiar. Olhei para o Cristo Redentor e fiquei falando para ele: ‘dá esse título para a gente, ele é importante, merecemos por tudo que passamos, por salários atrasados, grupo desacreditado’”, afirmou.
O Campeonato Carioca de 1995 teve um formato peculiar, dividido em dois grupos com oito times cada. Os quatro melhores de cada grupo avançaram ao octogonal final. O Flamengo, por ter sido campeão da Taça Guanabara e vencido as duas fases dentro do seu grupo, entrou no octogonal com um ponto adicional. Na equipe tricolor, Renato Gaúcho era uma dúvida para a final devido a um estiramento muscular que sofreu no penúltimo jogo contra o Entrerriense, levando a provocações por parte dos flamenguistas.
Os desafios de um atleta sob pressão
“O que foi mais engraçado é que no penúltimo jogo (contra o Entrerriense) eu machuquei, tive estiramento muscular, e era dúvida para jogar a final. Trabalhava no clube durante o dia, mas para desestressar, depois, eu ia na churrascaria tomar meu chope. E lá os flamenguistas falavam: ‘Toma chope, Renato. Dá bastante chope para ele não se recuperar’”, contou o jogador, que ainda precisava enfrentar o Flamengo em um clima de apreensão. “Joguei o Fla-Flu e fiquei com medo porque estava chovendo muito e eu não sabia se iria aguentar a partida toda”, desabafou.
Após a segunda etapa, quando o Flamengo empatou o jogo, Renato observou que a euforia no banco de reservas rubro-negro era evidente. “O Kleber Leite (presidente do Flamengo) e o Vanderlei Luxemburgo (treinador) já praticamente com a faixa no peito, estavam vibrando e comemorando o título: ‘Pô, isso não pode acontecer’”, relembra, revelando que o cenário estava favorável para o rival até aquele momento.
A importância do gol e o legado deixado
Contudo, a história mudaria rapidamente. O gol que garantiu o título para o Fluminense foi classificado por Renato como “esquisito e estranho”, mas ele sabia que o mais importante era que a bola tinha entrado. “Eu me sinto privilegiado por ter vestido essa camisa e ter feito história num grande clube como o Fluminense”, declarou o ex-jogador, agora, com a experiência de treinador.
O legado deixado naquele dia em 1995 vai muito além do resultado em si; representa a garra, a paixão e a resiliência de todos os envolvidos naquele épico Fla-Flu. O Fluminense, depois de enfrentar dificuldades e um elenco desacreditado, conseguiu se reerguer e conquistar um dos títulos mais emocionantes da sua história.
Trinta anos depois, o gol de barriga permanece vivo na memória dos torcedores e amantes do futebol, reafirmando a importância deste clássico no cenário esportivo brasileiro e a contribuição de Renato Gaúcho para a rica história do Fluminense.
Seu papel, tanto dentro quanto fora de campo, continua a inspirar novas gerações de jogadores e torcedores, mantendo viva a história do futebol carioca e a mística do Maracanã.