Brasil, 24 de junho de 2025
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Divisão global na corrida pelos centros de IA e poder computacional

A disputa por infraestrutura de IA reforça a segregação entre nações com grande poder computacional e as que ficam para trás

Enquanto gigantes da tecnologia como Estados Unidos, China e União Europeia concentram o maior poder computacional para desenvolvimento de sistemas avançados de inteligência artificial, países em desenvolvimento enfrentam dificuldades para acompanhar essa revolução. Essa divisão tecnológica impacta a geopolítica, a economia e o futuro da inovação global.

A corrida por centros de IA e o impacto da desigualdade

Atualmente, apenas 32 países possuem centros de dados de grande escala equipados com microchips avançados, essenciais para o processamento de IA. Essa concentração reforça o controle das nações que detêm os recursos tecnológicos mais sofisticados, como os EUA e a China, responsáveis por mais de 90% dos centros de dados utilizados para IA no mundo, segundo pesquisadores da Universidade de Oxford.

Um projeto estimado em US$ 60 bilhões na Austrália, maior que o Central Park de Nova York, promete criar um dos maiores centros de computação, incluindo sua própria usina de gás natural. No entanto, nações como países africanos e latino-americanos ainda possuem uma infraestrutura muito limitada, o que limita seu acesso a avanços científicos, startups e talentos de tecnologia.

Disparidades e influência geopolítica na tecnologia

Segundo Vili Lehdonvirta, professor de Oxford, essa divisão de poder computacional pode moldar a geopolítica do futuro, com países produtores de microchips e centros de dados controlando recursos estratégicos. “Países produtores de petróleo exerceram influência global, e os produtores de poder computacional podem desempenhar papel semelhante, pois controlam acesso a recursos críticos”, alerta Lehdonvirta.

O domínio dos EUA e da China é evidente: juntos, operam a maioria dos centros de IA no exterior. Empresas americanas como Nvidia e Microsoft lideram a fabricação de chips essenciais para esses centros, enquanto a China tenta desenvolver sua própria tecnologia para reduzir dependências, embora ainda dependa de chips de fornecedores estrangeiros, como a Nvidia, em seus centros no exterior.

Desafios na expansão e o papel dos países em desenvolvimento

Países com poucos recursos enfrentam obstáculos como altos custos de construção de centros de dados, necessidade de energia confiável e infraestrutura de suporte. Startups como a queniana Amini exemplificam a questão: ela precisa alugar serviços de centros de dados fora do continente para treinar seus modelos de IA, pois o acesso a poder computacional interno é limitado.

Autoridades e empresas nesses países estão conscientes de que a ausência de infraestrutura limita a inovação, a pesquisa e a atração de talentos. Brad Smith, presidente da Microsoft, afirma que essa lacuna ameaça ampliar ainda mais a desigualdade digital, além de colocar nações menos desenvolvidas em desvantagem na nova guerra tecnológica.

Consequências globais e a nova geopolítica da IA

O controle do poder computacional se transforma em uma ferramenta de influência mundial. Os Estados Unidos e a China utilizam estratégias distintas para ampliar sua vantagem, inclusive com restrições comerciais, empréstimos financiados pelo Estado e construção de centros de dados em regiões estratégicas do Sudeste Asiático e Oriente Médio, reforçando uma disputa de poder que moldará o futuro da tecnologia mundial.

De acordo com pesquisadores de Oxford, essa concentração de recursos beneficia aqueles que já dominam o setor e amplia a desigualdade entre países, colocando nações com pouco ou nenhum acesso a infraestrutura de IA em desvantagem evidente na corrida tecnológica global.

Perspectivas e desafios futuros

O avanço da inteligência artificial reforça a necessidade de ações globais para reduzir a desigualdade de acesso a recursos computacionais. Sem investimentos em infraestrutura, muitas nações permanecem à margem de uma revolução que pode transformar a economia, a ciência e a segurança mundial, reforçando uma segregação digital que já tem efeitos concretos na competitividade internacional.

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