A escalada do conflito entre Israel e Irã reacendeu a pressão no Brasil para a ampliação de novas fronteiras de exploração de petróleo, como a Foz do Amazonas. Entidades do setor alertam sobre o impacto das ofensivas no Oriente Médio sobre o preço do barril de petróleo.
A escalada do conflito e suas repercussões
Israel iniciou uma nova ofensiva contra o Irã em 13 de junho, justificando que o país persa estaria próximo da fabricação de uma bomba atômica. O Irã nega as acusações e defende que as usinas nucleares dentro de seu território são voltadas para fins pacíficos, como a geração de energia. No entanto, os últimos dias testemunharam uma escalada significativa no Oriente Médio, com o envolvimento dos Estados Unidos. No último sábado (21/6), as forças militares norte-americanas bombardearam três instalações de enriquecimento de urânio no Irã.
Em resposta, o aiatolá Ali Khamenei declarou que os EUA enfrentariam consequências severas caso continuassem com as ofensivas. Ele afirmou: “O dano que os Estados Unidos sofrerão se entrarem militarmente neste campo será, sem dúvida, irreparável.” O Irã retaliou atacando bases militares norte-americanas no Catar na segunda-feira (23/6). A mesma data marcou a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciando um cessar-fogo entre as partes.
As incertezas do confronto permanecem, deixando o mundo e os mercados em estado de alerta.
Implications for the Brazilian oil sector
Diante desse cenário tenso, a diretoria executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) se reuniu para discutir as consequências do conflito no setor petroleiro no Brasil. O IBP destacou que “o mercado internacional apresenta alta volatilidade em razão da diminuição da produção de importantes países produtores, como o Irã, e das dificuldades logísticas para escoamento de petróleo e gás da região do Oriente Médio, especialmente pelo risco de fechamento do estreito de Ormuz, via de transporte de cerca de 20% de todo o petróleo global.”
Uma das medidas sugeridas pelo instituto para aliviar a pressão no setor seria a ampliação das fronteiras de exploração no Brasil, com foco na Foz do Amazonas. Eles ressaltaram a “necessidade de avançar na atividade de prospecção e exploração de novas acumulações de petróleo no Brasil”.
A situação na Foz do Amazonas
- A margem equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, é de grande interesse para a Petrobras, que planeja investir US$ 3,1 bilhões na exploração de petróleo e gás na região.
- Em maio de 2023, o Ibama negou uma licença ambiental devido a inconsistências técnicas, mas em maio de 2025, aprovou um plano de resgate de fauna da Petrobras, caso haja vazamentos, um passo crucial para a exploração.
- O presidente Lula manifestou seu apoio à exploração, desde que feita com responsabilidade ambiental, enquanto a ministra do Meio Ambiente enfatiza a necessidade de reduzir combustíveis fósseis.
- A Agência Nacional de Petróleo (ANP) anunciou o leilão de 47 blocos na Foz do Amazonas, com 19 sendo arrematados no último dia 17 de junho.
- No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a suspensão da próxima etapa do leilão, incluindo a proibição da homologação dos blocos, prevista até 1º de setembro.
Instabilidade e suas implicações econômicas
Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais, observa que a entrada em guerra de países do Golfo Pérsico gera receios sobre a instabilidade na produção de petróleo e a necessidade de buscar novas alternativas. Ele afirma: “O fechamento do Estreito de Ormuz e a possibilidade de um estrangulamento na capacidade operacional de petróleo no mundo forçam o governo brasileiro a buscar maior independência na produção de petróleo, levando à necessidade de ampliar nossa capacidade de produção.”
O Estreito de Ormuz é crucial para a interligação entre os produtores de petróleo do Oriente Médio e os mercados na Ásia, Europa e América do Norte, separando o Irã de Omã por cerca de 33 quilômetros.
Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, antecipa uma tendência de alta no preço do barril de petróleo, mas garante que o Brasil vai monitorar a situação no Oriente Médio para estabelecer medidas de mitigação adequadas. Apesar do temor quanto ao aumento do preço do petróleo, na segunda-feira, o barril Brent, referência mundial, registrou uma queda de 6,67%, encerrando o dia cotado a US$ 70,52.