O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (24/6) a ata da última reunião de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual decidiu elevar a taxa básica de juros para 15%. Este é o maior patamar desde julho de 2006, início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e marca a sétima alta consecutiva na sequência de ajustes.
Contenção da inflação e estratégia do BC
A decisão de aumentar a Selic foi unânime entre os oito diretores e o presidente do BC, Gabriel Galípolo. Segundo o documento, a elevação da taxa visa promover a convergência da inflação à meta de 3% neste ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. O comitê afirmou que a estratégia de aperto monetário permanece compatível com o objetivo de controlar a inflação.
De acordo com o comunicado, o BC pretende interromper o ciclo de alta na próxima reunião, marcada para os dias 29 e 30 de julho, para avaliar os efeitos dos aumentos já realizados. A previsão é que o nível da taxa de juros seja ajustado conforme necessário para garantir o controle inflacionário.
Impacto da alta dos juros na economia brasileira
A elevação do juro para 15% reforça o cenário de juros elevados que, ao aumentar o custo do crédito, tende a reduzir o consumo e os investimentos no país. Essa estratégia busca desacelerar a inflação, especialmente dos alimentos, que tem sido um dos principais desafios do governo Lula.
Especialistas destacam que a taxa Selic mais elevada é uma medida de contenção, mas também de cautela, diante de expectativas inflacionárias ainda elevadas, resiliência da atividade econômica e tensões no mercado internacional. “Manter uma política monetária restritiva por um período prolongado é fundamental para a convergência da inflação à meta”, avalia o professor de economia da Universidade de São Paulo, Rafael Santana.
Perspectivas futuras
O Comitê reforçou que os passos futuros de política monetária podem ser ajustados, caso o cenário econômico exija. O BC continuará atento à condução da política fiscal, às incertezas externas e ao impacto das ações do governo na trajetória inflacionária.
O comunicado também destacou o ambiente externo adverso, marcado por tensões geopolíticas e incertezas na política econômica dos Estados Unidos, justificando uma postura de cautela diante do cenário internacional.
Segundo projeções do mercado financeiro, a expectativa é de que a taxa Selic permaneça elevada, sem retorno ao patamar de um dígito no curto prazo, durante o mandato do presidente Lula e diante do comando de Gabriel Galípolo no BC.
Próximos passos
A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 29 e 30 de julho, quando será avaliado o impacto das últimas altas e decidir-se-á se há necessidade de continuar ajustando a política monetária.
Para entender melhor a atual situação dos juros no Brasil, confira na sequência os principais pontos explicados pelo BC e especialistas:
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação
- O Copom decide a manutenção, elevação ou redução da taxa, visando estabilizar preços
- Aumentar os juros costuma reduzir o consumo e os investimentos, impactando na atividade econômica
- Expectativas sobre uma redução para níveis abaixo de dois dígitos permanecem desacreditadas, pelo menos no curto prazo
- O cenário externo, especialmente as tensões geopolíticas e a política fiscal internacional, também influencia as decisões internas
Segundo dados recentes, o nível atual da Selic reflete o esforço do BC em conter a inflação sem prejudicar o crescimento econômico, embora o cenário continue desafiador pela alta nos preços de alimentos e incertezas globais.
Para acompanhar as datas e decisões do Copom até 2025, consulte o calendário oficial.