O governo federal está prestes a implementar uma mudança significativa na política de combustíveis, aumentando para 30% a mistura de etanol na gasolina. A proposta, que já estava sendo discutida, foi reforçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em reunião nesta segunda-feira (23/6). A medida surge em meio à escalada de tensão no Oriente Médio e as possíveis repercussões sobre as tarifas de energia no Brasil.
Aumento da mistura de etanol e suas implicações
Fontes próximas ao governo revelam que a conversa entre Lula e Silveira aconteceu no contexto da busca por estratégias para proteger o mercado brasileiro das flutuações nos preços dos combustíveis, que têm sido impactados pelas tensões militares entre Israel e Irã. O preço do petróleo tem se mantido em alta, o que levanta preocupações sobre os custos de combustível e sua influência na economia.
O governo acredita que, ao aumentar a mistura de etanol, o Brasil poderá se tornar autossuficiente em relação à gasolina, evitando assim as variações do mercado internacional. Essa estratégia não somente poderia estabilizar os preços internos, mas também teria um efeito positivo sobre a inflação, que tem preocupando os economistas e a população.
O mercado de petróleo e a situação no Oriente Médio
A situação no Oriente Médio permanece tensa, e episódios recentes, como a ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz — ponto estratégico que representa cerca de 20% do suprimento global de petróleo — têm causado instabilidade no mercado. Apesar de uma promessa de cessar-fogo por parte das autoridades, o impacto nas cotações do petróleo tem sido sentido em diversos setores da economia.
O governo brasileiro está atento a essas dinâmicas, e a expectativa é que a nova política de mistura de etanol não só atenda a demanda interna como também mitigue a pressão inflacionária. Ao se tornar menos dependente do petróleo internacional, o Brasil poderia fortalecer sua economia frente a crises externas.
O impacto da medida sobre a inflação
A expectativa do governo é que a aprovação do aumento na mistura de etanol ocorra na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), agendada para esta quarta-feira (25/6). Essa mudança é vista como uma forma de reduzir os preços dos combustíveis, o que poderia, por sua vez, ajudar a conter a inflação, especialmente em um cenário onde há temores de novas altas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A recente aprovação de alterações na Lei das Eólicas Offshore pelo Congresso também levanta preocupações sobre o aumento nos custos de energia, e um controle nos preços dos combustíveis poderia neutralizar o impacto inflacionário que tal elevação causaria à conta de luz dos brasileiros. Assim, ao gerar uma queda nos preços dos combustíveis, o governo espera criar um efeito compensatório sobre os preços de energia.
Medidas complementares: a MP da energia
Além da proposta de aumento na mistura de etanol, o governo também está elaborando uma Medida Provisória para mitigar os impactos financeiros deixados pelo Congresso. Uma minuta dessa proposta está na Casa Civil há cerca de um mês, com a intenção de reduzir o custo imposto pelo Legislativo, que inicialmente era de R$ 35 bilhões anuais, para R$ 11 bilhões.
Essas mudanças são necessárias, visto que o Congresso tornou a conta de luz mais cara ao exigir contratações de fontes de energia que estão se tornando obsoletas. A Medida Provisória tem como objetivo limitar esse impacto, destacando mudanças significativas, como a redução do volume de energia que pode ser comprada de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), de 6.900 MW para 3.000 MW.
Fontes do governo informam que, durante a negociação política relacionada a essa MP, algumas vitórias foram obtidas, como a redução do impacto financeiro que, inicialmente, era estimado em R$ 65 bilhões. Através de negociações e vetos mantidos pelo presidente Lula, esse montante caiu consideravelmente.
Com essas iniciativas, o governo Lula visa não apenas proteger o mercado brasileiro dos impactos internacionais, mas também garantir uma estabilidade econômica e um alívio à população em tempos de crise. Essa abordagem integrada pode ser crucial para manter a confiança do consumidor e a saúde econômica do Brasil.