Na última quinta-feira, a estrela que faz sonhar os torcedores da Mocidade, conforme mencionado na crônica anterior, voltou a brilhar radiante no Rose Bowl, em Los Angeles. O time do Botafogo não se intimidou diante de um gigante do futebol europeu, ao vencer o poderoso time espanhol. A conclusão precisa de Igor Jesus foi um reflexo da valentia e determinação de uma equipe que sabia que tinha uma missão a cumprir. A entrega apaixonada da torcida, que parecia ter nascido para desafiar todas as probabilidades, foi o combustível que impulsionou esse feito histórico.
A celebração de uma vitória improvável
Após o apito final, o que se viu foi uma verdadeira festa. Quatro mil botafoguenses se transformaram em um bloco de rua, celebrando com batuques improvisados o que muitos consideravam uma classificação improvável na competição. Os torcedores, com suas camisas alvinegras, invadiram pontos turísticos da cidade, levando a sua paixão e alegria para além do estádio.
Los Angeles: a noite da capital do sonho
Los Angeles, que sempre é lembrada de alguma forma, tornou-se mais do que um simples local naquela noite; foi a capital de um sonho. Brasileiros, americanos, latinos e até alguns europeus sambavam ao som do surdo e do repique do Botafogo, reminiscente da famosa Portela de 2013. A atmosfera estava carregada de emoção e celebração, um testemunho da união e da força da torcida botafoguense.
Superando desafios e criando laços
Com a classificação assegurada, a história se desenrolou em meio ao calor escaldante de Los Angeles. O Botafogo superou o que era chamado de “grupo da morte” da Copa do Mundo de Clubes, conquistando novos admiradores e reafirmando sua força. Entre os acenos e gritos de alegria, os torcedores viam seu time erguendo-se em um momento que não era apenas uma vitória, mas um símbolo de resistência e resiliência.
Histórias de perseverança
Enquanto aguardamos ansiosamente a próxima fase do torneio, que envolverá as oitavas de final, lembramos de um dos momentos emocionantes que ocorreram no mesmo espaço: a entrega do Oscar de melhor filme internacional a Walter Salles, que arrebatou a premiação por seu filme “Ainda estou aqui”. Esta conexão entre o cinema e o futebol exemplifica uma rica tapeçaria de culturas e histórias que se entrelaçam.
A primeira vitória de um time brasileiro contra um europeu na Copa do Mundo de Clubes e a consagração de um filme brasileiro com um Oscar representam marcos significativos em sua respectiva história. O país espera há 69 anos por um triunfo nas telonas e, de 2008 até agora, aguarda 13 anos pela redenção de seus clubes em competições internacionais.
Resistência como estrela
O filme de Salles narra a dolorosa busca de Eunice Paiva por seu marido, Rubens, desaparecido durante a ditadura. Paralelamente, o Botafogo possui sua própria história de coragem: em 1968, o clube abriu as portas de General Severiano para abrigar estudantes perseguidos pelo regime militar. Essa luta pela liberdade e dignidade é um eco nas almas dos torcedores, reafirmando que a resistência também é uma estrela no peito.
As histórias se entrelaçam na cidade do cinema. O que antes parecia apenas um delírio agora se transforma em uma crença real e palpável. Com essa crença, os torcedores seguem ansiosos para os próximos capítulos dessa jornada emocionante.
Na contagem regressiva para as quartas de final, a paixão do Botafogo e sua torcida se preparam para novas vitórias. Enquanto isso, a equipe, com parte dos torcedores, já se dirige à Filadélfia, prontos para enfrentar novos desafios. E assim, me despeço temporariamente deste espaço no Globo, enquanto sigo acompanhando o Botafogo entre Nilton Santos e Maracanã, sonhando com um final de ano memorável.
* Rodrigo Pacheco é o cronista botafoguense da ‘On Tour’, coluna do GLOBO que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes.