A morte trágica do pequeno Axel Guilherme, de apenas 1 ano e seis meses, chocou a comunidade de Fortaleza. O bebê faleceu após ser hospitalizado com numerosos sinais evidentes de agressão. Mãe e padrasto do menino, identificados como Wanderleia Costa Damasceno e Izaque de Sousa Alves, enfrentam agora graves acusações de homicídio qualificado.
O caso de Axel Guilherme
Na madrugada do dia 3 de maio, Axel foi levado ao Hospital Geral de Fortaleza por sua mãe e padrasto, apresentando hematomas pelo corpo, fratura no crânio, hemorragia, e em estado de parada cardiorrespiratória. Após três dias de tratamento intensivo, ele não resistiu e faleceu em 6 de maio. As autoridades, ao investigarem o caso, constataram que os sinais de crueldade eram evidentes. O laudo da necropsia indicou que a morte ocorreu devido a “traumatismo crânio encefálico produzido por lesões contundentes com características típicas de crueldade e indícios de tortura”.
As prisões e os depoimentos
Wanderleia e Izaque foram imediatamente detidos dentro do hospital, mas a mulher foi liberada posteriormente mediante cumprimento de medidas cautelares, enquanto o padrasto teve sua prisão convertida em preventiva. Os dois foram interrogados, mas as versões apresentadas por eles foram contraditórias e não convincentes.
Izaque relatou à polícia que, na madrugada fatídica, encontrou Axel acordado e, ao se irritar, desferiu um golpe nas costas do menino, admitindo que a força poderia ter sido excessiva. Eles alegaram que os hematomas eram resultado de quedas, mas testemunhas relataram que o bebê frequentemente aparecia machucado desde a relação de Wanderleia com Izaque.
A luta do pai biológico pela guarda
O caso de Axel não é apenas uma questão criminal; também revela a batalha do pai biológico, Alex Eugênio, pela guarda do menino. Alex havia solicitado na Justiça a tutela de urgência do filho em três ocasiões. Nos últimos pedidos, ele alegou negligência por parte da mãe e a intenção dela de proibir o contato da criança com ele e os avós. Apesar do parecer favorável do Ministério Público que apoiou o pedido de guarda, a Justiça negou as solicitações antes da tragédia acontecer.
“Ver meu filho entubado no leito é algo desolador. Não desejo isso a ninguém”, declarou Alex, expressando sua dor e impotência frente ao sistema judicial. A advogada da família, Gessica Maia, lamentou a morosidade dos processos legais, ressaltando que o pai e os avós de Axel apenas queriam proporcionar amor e segurança ao menino.
Denúncia e julgamento
Após a conclusão do inquérito, a Polícia Civil do Ceará indiciou Izaque por lesão corporal e maus-tratos com resultado em morte e Wanderleia por maus-tratos. O Ministério Público apresentou a denúncia de homicídio qualificado, solicitando que o julgamento ocorra no Tribunal do Júri. Izaque, que permanece em prisão no município de Caucaia, foi notificado sobre a denúncia, enquanto o paradeiro de Wanderleia é desconhecido.
Casos como o de Axel levantam questões sobre a eficácia do sistema judicial brasileiro em proteger crianças em situações de risco. O Tribunal de Justiça do Ceará defendeu que não houve demora nos trâmites legais em relação aos pedidos de guarda, mas as críticas da família do pai biológico refletem uma insatisfação com o sistema que pode ter falhado em garantir a segurança do menor.
Infelizmente, tragédias como essa revelam a urgência de se fortalecer políticas de proteção à infância no Brasil. Axel Guilherme é uma tragédia de uma vida que poderia ter sido preservada, e seu caso deve chamar a atenção das autoridades e da sociedade para a necessidade de agir com mais rapidez e eficácia em favor dos mais vulneráveis.
O caso de Axel Guilherme continuará a ser acompanhado, e espera-se que traga mudanças significativas na forma como a sociedade e o sistema judicial lidam com situações de violência doméstica que envolvem crianças.
